RONALDOEVANGELISTA


I've got to let you know, I've got to let you know




Record Club é o Beck brincando no estúdio, chamando os chapas para passar algumas horas ouvindo, tocando e recriando algum disco, no impulso coletivo e de primeiro take - tudo registrado em vídeo e áudio. Fez Leonard Cohen com Devendra Banhardt e Binki Shapiro, Skip Spence com Jamie Lidell e Feist, vários músicos legais sempre participando e tocando. A idéia é boa, ainda melhor quando tudo tocado, filmado e montado mais elegante e menos experimental.

E às vezes acontece mágica, como no vídeo estiloso dessa versão sublime de "Need You Tonight", hit dos 80 do INXS, cantada pela Annie/St. Vincent (tipo Chan/Cat Power e Natasha/Bat For Lashes), com o Angus Andrew do Liars e figurações do Beck e, surpresa, se você procurar bem, do Sérgio Dias, last Mutante standing. Logo abaixo, o mais hit ainda "New Sensation". Vai indo o disco todo do INXS, regravado no começo do mês passado, Beck soltando aos poucos, uma faixa por semana, por aqui.

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Biu Roque






Biu Roque, 76 anos, percussionista de Siba e muso de Céu, vinha gravando um disco, produzido com Caçapa, Alessandra Leão e Missionário José. Tudo pronto, legado entregue, sexta passada, partiu. Venha o disco, fica a história, boa viagem, Biu Roque.

Videozinhos acima, de momentos da gravação do disco captados pela Alessandra Leão, mostram a lindeza do negócio. Abaixo, as lembranças bonitas.

Do blog de Alessandra Leão:

Na sexta-feira passada, São Jorge levou, em seu cavalo, nosso querido Biu Roque.

Amigo querido, mestre de tantas brincadeiras, músico desde os 8 anos, cantor dos mais intensos, afinados e fabulosos que tive o prazer de ouvir, trabalhador da cana, pai de muitos, avô de muitos tantos, bisavô de muitos mais e que se orgulhava muito de ser o "causador" de toda àquela gente...

Muita gente tem nos perguntado sobre o CD de Biu Roque. Se estava pronto, se vai sair...
Sobre o disco, ele tá pronto (gravado, mixado e masterizado) há quase um ano... produzido por Caçapa (que também arranjou praticamente todas as músicas) e Missionário José e co-produzido por mim. Com os músicos do interior (o pessoal da Fuloresta e duas filhas de Biu Roque - Lurdinha e Maíca) participações nossas e também de: Siba, Hélder Vasconcelos, Juliano Holanda, Cláudio Rabeca, Lula Marcondes, Renata Rosa e Iara Rennó.

O disco está pronto! Biu Roque participou ativamente de todo o processo de produção do disco. Escolheu o repertório, opinou, decidiu os convidados, acompanhou quase todos os dias de gravação, ficou, várias vezes, cerca de 12 horas no estúdio e terminava o dia mais animado do que todos nós. Ouviu o disco finalizado e aprovou o resultado!

Recebemos a capa final na sexta-feira passada. Ia imprimir hoje e levar no hospital pra ele ver... não deu tempo... verá de outra maneira...

Mesmo lamentando tantas coisas e sentindo a ausência do amigo querido, durante o enterro e esses dias seguintes, o meu sentimento de gratidão é realmente bem maior do que a dor da perda. Agradeço muito à vida, por ter conhecido e convivido com ele. Por ter tido o privilégio de fazer o seu disco, que não deveria ter sido o único solo... temos material para mais um ep, pelo menos, que já estava nos planos, assim como uma exposição, que também vinha sendo acalentada para o lançamento do CD...




Do blog da Karina Buhr:

Ele nasceu em Condado, viveu em Aliança.
Mestre de Cavalo Marinho, com toda grandeza que essa palavra puder ter dentro dela.

Antes de pensar na grandeza dela, tire qualquer chatice pedagógica que por ventura você possa associar a ela.
E dentro dela cabem tocar tarol divinamente, cantar como homem, cantar como mulher, cantar como passarinho.

De Recife dava pra ir ser feliz ali do lado, indo pro Cavalo Marinho de Mestre Batista, por exemplo,
que é onde Biu Roque esteve por tanto tempo e depois formou o seu próprio, o Boi Brasileiro.
Tesouro entre tantos de Condado, de Aliança...
Dava pra tê-lo em Recife também, de noite e de dia, no carnaval, no Boi da Gurita Seca e também em Olinda, Cidade Tabajara, na casa de Salustiano, em tantos inesquecíveis encontros de Cavalo Marinho no natal.

Chá de Esconso, Chã de Camará, Nazaré da Mata...um monte de nome bonito de lugar, na chamada Zona da Mata Norte de Pernambuco. Lugar de sambada de maracatu, de cavalo marinho, de côco, ciranda e de cana de açúcar. Trabalho do mais pesado com arte da mais leve e alegre.

Biu Roque trabalhou com cana de açúcar e música de açúcar.

Ou "doce da melancia", como ele falava de sua Maria.

Ele ficou conhecido por mais gente quando Siba estreou o Fuloresta.
Biu Roque é aquela voz aguda, mais linda dessa vida e agora de alguma outra qualquer.
Tesouro é o que ele era e é.

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Arthur Verocai, a mix by DJ Nuts



Nuts, maior conhecedor vivo da obra do Arthur Verocai (que aliás fez o cover spread e me deu altas dicas na matéria que fiz pra Wax Poetics), tirou o tempo e fez uma mix, 77 minutos só de músicas com arranjos e/ou composições do maestro. Cavou fundo e mixou com perfeição, o flow correndo com Célia, Johnny Alf, Anamaria e Mauricio, Tim Maia, Gal Costa, Erasmo Carlos, Jorge Ben, Luiz Melodia - só pra não sair da ponta do iceberg. A capa, outtake sensacional da sessão de fotos pra capa do Fernando Bergamaschi, lembro de ver no negativo na casa do Verocai.

Baixe e mais info aqui; ouvir, no play abaixo:



O tracklisting, thanks Soul Strut.

(0:00) Intro - MF Doom/Egon a presenta Arthur Verocai
(0:48) Elis Regina - Um Novo Rumo
(2:33) Beth Carvalho - Domingo Antigo
(3:10) Leny Andrade - Olhando O Mar
(5:18) Magda - Madrugada
(6:40) Quarteto 004 - Saudade Demais
(9:00) Milton Banana Trio - Um Novo Rumo
(10:51) Taiguara - Um Novo Rumo
(12:39) Werther - Catavento
(14.44) Maysa - Catavento
(16:32) Eduardo Conde - Minha Estrada
(18:19) Golden Boys - A Menina E A Fonte
(20:50) Celia - No Clarão Da Lua Cheia
(21:55) Erasmo Carlos - Cica Cecilla
(23:19) Ivan Lins - Tanaue ou Se um indio fosse consumido pela civilização moderna
(23:41) Ana Maria E Mauricio - Mandato
(24:54) Ana Maria E Mauricio - Marina Eu Vou
(26:00) Ana Maria E Mauricio - Eu Quero Ver
(27:08) Reginaldo Bessa - Voce Vai Ter Que Me Aturar
(29:09) Fabio - Bloco dos Naufragos
(29:42) Jorge Ben - Porque E Proibido Pisar Na Grama
(31:58) Arnaud Rodrigues - Conscacha Fimara (Magnifico)
(33:19) Luiz Melodia - Pra Aquietar
(34:09) Gal Costa - Pontos De Luz
(35:56) Quinteto Ternura - Baby
(36:31) Burnier & Cartier - Europanema
(37:47) Ivan Lins - Deixa Eu Dizer
(39:24) Lucinha Lins - Esse Passaro Chamado Tempo
(41:43) Johnny Alf - Um Gosto De Fim
(44:04) Leny Andrade - Nao Tem Perdao
(45:48) Tim Maia - The Dance Is Over
(48:05) Paulinho e Dorinha - Vivencias
(49:31) Paulinho Tapajos - Clara
(50:48) Som Imaginario - Armina (Vinheta 3)
(51:33) Marlene - Beco Do Mota
(53:40) Ana Lucia - Anuncio
(55:10) MPB 4 - Quem Vem De La
(56:45) Celia - Na Boca Do Sol
(58:54) Arthur Verocai - Cabolco
(1:01:28) Ivan Lins - Deixa O Trem Seguir
(1:03:11) O Terco - Imagem
(1:05:52) Karma - Blusa De Linho
(1:07:08) Karma - Depois Do Portao
(1:10:07) ? - Catavento
(1:12:35) Feliz Anniversario Nuts; Arthur Verocai - Flying To LA.

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É samba novo



Samba-jazz em plena Augusta: hoje, terminando a temporada nos domingos do Tapas, Olé, Marcos Paiva leva o sexteto completo e faz sua homenagem a Edison Machado, Meu Samba no Prato. Contrabaixo acústico, bateria, piano, naipe de sax-trombone-trompete, harmonias abertas, improvisos quentes, uma e outra canção da época e composições inspiradas no clássico Edison Machado é samba novo e achados similares.

O disco, já tá gravado. Enquanto não sai, dá pra baixar dois shows que o MP6 fez em março do ano passado, no New Jazz Bar, aqui.

Sente o alto nível nessa versão de "Acender as velas":

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LP Bazaar



Hoje não levo banquinha, mas passo no meio da tarde pra colocar uns discos, antes de descer pro Tapas, Olé.

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Miles, Coltrane, Dizzy, Nina



Pôsteres Blue Note de Jerod Gibson. Lindos, hein?

Daqui, vi na Kakau.

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Tabelou, driblou dois zagueiros



Muito hit essa versão da Tânia Maria pro "Fio Maravilha" do Jorge Ben, com inacreditável groove de piano e batera, voz, pegada de funk moderno.

Aqui, dá pra baixar coleta com faixas dos dois volumes Via Brasil, discos de 75/76, o primeiro com ela, play abaixo:

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Getz/Gilberto, por David Drew Zingg









E já que falamos no Getz/Gilberto, saca as fotos do David Drew Zingg nas sessões de gravação, março de 1963. Daqui.

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Getz/Gilberto, por Getz e Gilberto

Gene Lees, Getz/Gilberto, cê tá ligado que ele escreveu o texto na capa interna do LP, pra não falar da letra em inglês de "Corcovado", né? Mas tá ligado que o encarte tem também textos de próprio punho (ha!) dos próprios Stan e João? Don't let that gentleness fool you. Getz meio reaça, tentando vender a bossa pelo conservadorismo, acertando na espontaneidade e despretensão. Gilberto todo hippie zen comunicativo derretido pelo gringo, por Caymmi, por Ary Barroso recém-partido, pelo amigo Donato.



Paul Hindemith often expressed his disbelief in abstraction in music. Music should concern the making of music, not the speculative transcending of its limits. "The ear," he said, "should remain the first and the last court of appeal."

The songs of João Gilberto and Antonio Carlos Jobim came to American like a breath of fresh air. Their music arrived here ate a time when anemia and confusion were becoming noticeable in our music to anyone who knew enough to be concerned. The desperate craze for innovation had been overextending itself. Jazz literature was becoming increasingly pompous, complex and chauvinistic, theorizing and analyzing itself into a knot. Musical groups were disintegrating into an every-man-for-himself egomania. Soloists and sidemen were engaged in endurance tests os repetitious and/or outlandish endeavours. Sometimes they lost the audience. Worse, they often lost musical contact with one another.

A discerning minority of greats and true jazz aficionados everywhere remained in a state of apprehension concerning this questionable trend. Was it inevitable that jazz would lose its initial charm in the process of growing up? Did approaching maturity herald the eventual loss of the refreshing qualities which kept jazz apart from traditional music?

Then came the music of these Brazilians with an impact much the same as the one caused by the child's classic comment in H.C. Anderssen's Emperor and His New Clothes. If nothing else the music world is indebted to them for exposing "the emperor" in all his nakedness.

Thus the ultimate making of this record was inevitable. We discovered an indestructible bond between us. Sebastiao and Milton as well as João and Ton understood little more english than I did portuguese, but it didn't matter. We had the music, the excitement of playing together, and the feeling of mutual respect for one another.

Unpretentiousness, spontaneity and the poetry os honest emotion belong back in jazz. And don't let that gentleness fool you. These guys know how to swing harder than most, and they do it without pushing.

Had this record never been released, the making of it would have been gratification enough.


--STAN GETZ




Peace is a beautiful feeling.

To understand and be understood is a kind of peace.

I find great peace in real communication with another person. Getz is a person I understand, and who understands me even though we speak different languages. I would say that even if we could not exchange a word, the love that we have for music would be enough to make us friends.

Our talks - generally through our wives - are sometimes amusing. I do my best to speak english, and Stan uses all his knowledge of Latin languages: "Diga ao João..." When Stan gives an opinion I often exclaim, "Exactly what I was going to say!" This happened so often one night that I thought to myself, "I had better disagree once in a while or it will sound silly." The truth is that we agree on most everything.

Some years ago when I was young and searching in my country, I knew about Stan though he didn't know about me. I was introduced to his music through Donato, a pianist friend of mine. Time and again we listened to Getz records with stirred emotions.

Despite our good friendship I never forget that Stan Getz is a great artist. There isn't any American whom I'd rather hear playing the music of my country. Jobim said "It's unbelievable the way Getz assimilates the spirit of the Brazilian music!" My good friend Dorival Caymmi, composer of Doralice, will be amazed at the swing and feeling Getz gives his authentic samba, so typical for Bahia.

Ary Barroso wrote the composition P'ra Machucar Meu Coraçao. Barroso is an outstanding figure in the history of Brazilian music. Ary was ill when we recorded this album. I told Getz how happy I thought it would make Ary feel to hear his composition recorded by us. He will not hear it. Today as I write this, I know that he is dead. Now our version will remain as a humble homage to Ary Barroso from myself and from Getz who came to love him through his music without ever having met him.

Finally just a word about Astrud, my wife. She always liked to sing and we often sing together at home. I like the way she sings The Girl from Ipanema. Getz heard her sing it and asked her to record it with us. This is her first recording date, and I am glad she was among friends.

In many ways, then, this is more than a record. It is friendship communicated by music.


--JOÃO GILBERTO




O primeiro sax-tenor dos Estados Unidos e o grande jovem cantor Brasileiro, no LP mais vibrante do ano

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João Gilberto deverá gravar com Gerry Mulligan, para a Verve



Falando no acervo digital do Tom, se liga nessa nota do Sylvio Tullio Cardoso quando do show da bossa nova no Carnegie Hall, fins de 1962. Seria Mulligan o plano original para o que virou Getz/Gilberto? Terá Getz entrado na jogada pelo problema de contrato de Mulligan com a Capitol? Ou será grande viagem de Sylvio Tullio? Getz já tinha feito o Jazz Samba (sem falar no Encore) e era a escolha natural, mas boto fé que com Mulligan, no barítono e clarinete, teria ficado ainda melhor. Com o Tom Jobim, então, taqui a prova da química:

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Monte Everest



Mesmo ano, mesma coluna, três meses antes, nosso herói Gene Lees comenta outra novidade: Francis Albert Sinatra e Antonio Carlos Jobim. Do acervo digital do Tom Jobim, aqui.

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a curious new breed of cat with delusions of relevance



Gene Lees comenta o disco novo dos Beatles, Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band, agosto de 1967. Daqui.

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Gene Lees 1928-2010



Descanse em paz, Gene Lees. Valeu pela inspiração.

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H&MM



Na época do segundo Conexões, Bárbara Eugênia cantando Ney Matogrosso & Secos e Molhados, o pessoal muito massa da Galeria Experiência colou no ensaio para um papo breve e vídeo sobre o muito homem, com H e MM, Ney, pro Guia da Folha Online. Soltaram dia desses no YouTube, ficou incrível e foi efêmero. Vida longa, no play acima.

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o telefon-



Quando fala "no meu descompasso o riso dela", falta um tempo no compasso. O samba é em 2/4 e ali na palavra descompasso tem um compasso em 1/4 - sem o tempo fraco, dois tempos fortes sucessivos. No "telefon...", a letra é suprimida pra a pessoa imaginativamente ouvir se o telefone está chamando ou não.

Porque quando a pessoa está sozinha, o telefone chamando é uma esperança. Não é uma recorrência - você fala "o telefon...", aí quando toca o telefone você pára pra ver se está tocando mesmo? A intenção era essa, o que tento fazer lá é que você veja o quadro de uma pessoa que faz isso.

O Adolphe Appia, que no princípio do século foi o primeiro teórico das artes, dessa parte das artes, disse que as artes plásticas são artes espaciais - você vê tudo num instante -, as artes do discurso e da música são artes temporais - precisam de um espaço de tempo -, e o teatro é uma arte espaço-temporal - porque depende também do gesto do ator, enquanto o discurso, que é o texto, está sendo apresentado.

"Solidão" foi o momento em que tentei botar o espaco dentro do tempo. É ótimo você botar pequenos segredinhos mais cabalísticos, mais esotéricos como esses, ou mais simples, como tantos outros, pra pessoa do outro lado descobrir, ver que tem lógica.




(Foto daqui.)

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VitrolaMixtapes: Blubell



Você já viu a Blubell cantando? Tenho certeza que levou um susto quando viu aquela figura pequena e discreta com uma voz tão forte e segura. Mas o brilhantismo interpretativo não é a única coisa impressionante em Blubell: as músicas que escolhe cantar, as que escreve, os músicos com quem toca e as versões que criam são peças-chave na construção do seu universo. Não à tôa, talvez seu trabalho mais interessante seja com o quarteto À Deriva, de jazz de gente grande. O lado mais roqueiro também vai longe com suas músicas em série da MTV e banda com Pedro Baby. Toda essa mistura consciente de referências de bom gosto deixou curioso: quais as influêncas e paixões da Blubell? Pois aqui está, mixtape especial para nós, dez faixas escolhidas por ela, juntando de Anita O'Day e Caetano Veloso a'Os Mulheres Negras e Raveonettes, de Elvis e Elis a Marvelettes e Tim Maia. Aquele máximo de sofisticação jazzística, mas com pegada, groove, senso de humor e anarquia roqueira. Tipo ela.

Ficou assim:

01 Anita O'Day - Let's Face the Music and Dance
02 Os Mulheres Negras - Feridas
03 The Marvelettes - Danger Heartbreak Dead Ahead
04 Madonna & Prince - Love Song
05 Ablo te Pablo Mi - Triste com astral
06 Caetano Veloso - A little more blue
07 Elvis Presley - Kiss Me Quick
08 The Raveonettes - Love in a Trashcan
09 Tim Maia - Sofre
10 Elis Regina - Cabaré


baixe AQUI

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só porque eu quis casar



Em versão quintal, muito à vontade, Bárbara Eugênia canta "A Chave", com Junior Boca, Demétrius Carvalho, Felipe Maia e Dustan Gallas, banda classe A. Música dela, vídeo do Música de Bolso. Outro disco bem massa que vem por aí: com sua voz rouca e suas músicas espertas, Bárbara esbanja um charme próprio como compositora e cantora, como prova o play acima.

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vai ser melhor quando te conhecer



A boa notícia é que o disco é tudo isso mesmo: 100%, nota 10, cinco de cinco estrelas. Gravado em tempo recorde nos estúdios da YB, com lançamento marcado pro fim de maio no Auditório Ibirapuera, chegando da fábrica logo mais. Onze faixas, bom do começo ao fim, só músicas ótimas e as dinâmicas da banda perfeita de Gustavo Ruiz na produção e guitarra, Márcio Arantes no baixo, Duani na bateria, Dudu Tsuda nos pianos e teclados, mais participações de improviso e coração de Kassin, Stéphane San Juan, Donatinho, Zé Pi, o backing das Negresko Sis de Thalma, Anelis e Céu. E as canções, as letras, as melodias, a voz de Tulipa. Ah, a voz de Tulipa.

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Donato, Chombo, Mongo

Três retratos do arquivo de imagens do fotógrafo Martin Cohen, Nova York, começo dos 60. Mongo Santamaria, percussionista cubano que tinha largado a banda de Cal Tjader pra montar sua própria orquestra. José Chombo Silva, saxofonista e estrela da orquestra de Mongo. E, como quem não quer nada, ajudando a escrever a história do latin jazz, João Donato, tocando piano e trombone com Mongo, convidado pelo próprio. Pela época, Donato aliás compôs em homenagem a Chombo o tema "Chombolero", pouco depois transformado em "Sambolero" pela Carmen Costa - que também andava pelos States, gravando com o Ramsey Lewis.



Mongo Santamaria, one of my first heros of Cuban percussion agreed to pose for my camera on Riverside Drive, NYC circa 1962.



Chombo Silva, saxaphonist and violin player in a photo taken on Riverside Drive in NYC in 1962.



Joao Donato, photo taken on Broadway and 53nd St., piano and trombone player with Mongo Santamaria 1963.

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Domingo Menino



E esse disco do Dominguinhos, 1976, Quem é Quem dele?

Saca o groove da sanfona do Domingo Menino Dominguinhos com Wagner Tiso no piano elétrico, Gil no violão, Toninho Horta na guitarra, Jackson do Pandeiro na percussão, et al, "Baião Violado", no play:

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organizando o movimento



Parece bem massa esse documentário sobre a final do III Festival da Record, o de "Alegria, Alegria", "Domingo no Parque", "Roda Viva", "Ponteio", o violão quebrado de Sérgio Ricardo, Roberto Carlos cantando samba, Caetano com os Beat Boys, Gil com os Mutantes. Partindo de um projeto de documentar toda a era dos festivais, o filme é Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil, sobre momento de criação e cristalização de idéias ricas e clichês do que conhecemos hoje como música brasileira e de todo nosso comportamento cultural. A premiére é na abertura do É Tudo Verdade, na sexta, depois passa sábado e quinta que vem, entra em cartaz daqui uns meses.

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A capa de Baptista Virou Máquina




Falando no Burro Morto e em Baptista Virou Máquina, e a capa/encarte do disco?


(Daqui, vi por aqui.)

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Burro Morto, Tapas



Quinta-feira, depois de amanhã, tem show do sempre muito bom Burro Morto, direto de João Pessoa, no Tapas, junto com Cabruêra (que lançou disco há pouco e tem o mesmo guitarrista, Leo Marinho). Show deles por aqui não é tão comum de acontecer e sempre incrível de ver, anota no caderninho. Burro Morto é a melhor formação instrumental do Brasil hoje, a julgar por um EP excelente e um punhado de shows melhores ainda no último par de anos. Agora estão pra lançar o primeiro disco de verdade (se isso ainda existe), Baptista Virou Máquina, quero só ver. O show, é imperdível.

(foto daqui.)

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Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar



É cinco estrelas Mulatu Steps Ahead, disco novo do Mulatu Astatké, primeiro solo dele em 20 anos. Ano passado, você sabe, ele lançou álbum em parceria com os Heliocentrics, que é ótimo, mas esse novo é de outro planeta. Totalmente jazz, totalmente latin, totalmente ethiopique, negócio sério. Composições nota 10, arranjos quentes, gravação relax. Sem falar no Timeless... O cara parece o Donato: já lançou os melhores discos do mundo nos anos 60 e 70 e resolve viver agora o auge da carreira.

Aliás, falando no Donato, sabia que quem pilhou o Mulatu a tocar vibrafone foi o Dave Pike, na época da cena latin jazz em Nova York, anos 60? Mesmo Dave Pike que gravou pela mesma época Bossa Nova Carnival, disco só com composições do Donato - o cara era brother dos dois. Hmm.

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ten ragas to a disco beat




Sensacional o som dos ragas indianos tocados por sintetizadores e baterias eletrônicas pelo Charanjit Singh, Bombaim, 1982. Synthesizing: Ten Ragas to a Disco Beat, agora relançado em vinil duplo, por aqui.

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Olé, Marcos Paiva



Se a missão é encontrar o som mais classe, a festa Olé cumpre sua parte, todos os domingos no Tapas. Em abril, chegando para temporada, Marcos Paiva traz seu contrabaixo acústico e quinteto de trombone, sax, teclas, bateria. Formação especial para apresentar temas seus e algumas surpresas, puxando seu samba-jazz pro lado do groove afro, pegada dançante e improvisos de primeira. Na discotecagem, Walter Abud e Ronaldo Evangelista tocam raros jazz e sofisticados ritmos dançantes, exclusivamente em vinil. Hard bop e samba-jazz, afrobeat e ethiopiques, Blue Note e Flying Dutchman, Black Jazz e Impulse!, flautas e pianos elétricos, trompetes e congas, jazznagulha.

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uma outra vida e um gostoso sabor de ineditismo






Eis aqui um disco da genuína música brasileira. Da autêntica, da legítima, da típica, ou que outros adjetivos existam para qualificá-la. Sim, porque a nossa verdadeira música não é aquela que se escuta nas "boites" ou nos bailes da alta sociedade, travestida de granfinismo, com orquestra puxada a "black-tie", gemendo nas cordas de um violino de heráldico "pedigree", com harpas e "cellos" de contrapeso. É esta que aqui está.

Natural, simples, espontânea, sem se escravizar à partitura, brotando dos instrumentos em que ela se sente à vontade, como um barnabé num pijama dominical e matutino. É a música que desconjunta as cadeiras das cabrochas nos "assustados" das gafieiras cariocas. Que, como o nosso futebol, é cheia de improvisações e de imprevistos.

Subitamente, todos os instrumentos recolhem-se à insignificância de um modesto "brackground", enquanto um deles, como um demônio que saltasse para o centro da roda, pede a palavra e executa um solo endiabrado dentro do tema melódico - bordando-o de variações inesperadas, retorcendo-os em espirais alucinantes, colorindo-o de matizes novos, imprimindo-lhe, enfim, uma outra vida e um gostoso sabor de ineditismo.

E tudo ali, feito na hora, nascendo no momento, brotando de repente, chiando na frigideira do improviso - e por isso mesmo, quente, apetitoso, de fazer água no ouvido.







A Turma da Gafieira eram os Jazz Messengers brasileiros, os novos músicos mais interessantes fervendo em solos revolucionários, em plena década de 50 pré-bossa nova. Pelo menos cinco anos antes d'O LP d'Os Cobras, d'O Som do Meirelles e os Copa 5, do Você Ainda Não Ouviu Nada do Bossa Rio Sexteto do Sérgio Mendes, que qualquer disco de trio, do próprio Edison Machado é Samba Novo, totalmente vanguarda no conceito e no som, a Turma da Gafieira é samba-jazz antes do estilo ser sonhado.

Dois discos lançados pela Musidisc, cheios de acompanhamentos e improvisos musculares de Raul de Souza no trombone, Cipó e Zé Bodega nos saxes, Sivuca na sanfona, Altamiro Carrilho na flauta, Baden Powell no violão. E na cadeira de Art Blakey, acelerando o eixo do samba, Edison Machado, com sua pegada pra frente, bebop, pratos chiando, convenções e viradas nervosas.

Jazz no Brasil na época? Só muito timidamente, diluído nas orquestras de baile e gafieira, no máximo ebulindo em encontros informais entre os músicos, jam sessions nas horas vagas ou nos bares mais moderninhos. Dali alguns anos, chegando aos músicos mais antenados da jovem classe média-alta carioca no pequeno Beco das Garrafas, mas até então se confundindo com os regionais de choro, Orquestras Tabajaras, pianistas de cocktail, pequenos combos para acompanhar cantores.

O texto anônimo entre aspas ali em cima é do 10" com composições de Altamiro Carrilho. Tanto ele como o LP lançado pela mesma época, com versões de Caymmi, Tito Mati, Wilson Batista e Tom Jobim, não se avexam de ser revolucionários discos de pequena formação gravados ao vivo com músicos criativos livres para improvisar sobre temas interessantes - para todos os efeitos, dois discos de jazz.

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