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Biu Roque






Biu Roque, 76 anos, percussionista de Siba e muso de Céu, vinha gravando um disco, produzido com Caçapa, Alessandra Leão e Missionário José. Tudo pronto, legado entregue, sexta passada, partiu. Venha o disco, fica a história, boa viagem, Biu Roque.

Videozinhos acima, de momentos da gravação do disco captados pela Alessandra Leão, mostram a lindeza do negócio. Abaixo, as lembranças bonitas.

Do blog de Alessandra Leão:

Na sexta-feira passada, São Jorge levou, em seu cavalo, nosso querido Biu Roque.

Amigo querido, mestre de tantas brincadeiras, músico desde os 8 anos, cantor dos mais intensos, afinados e fabulosos que tive o prazer de ouvir, trabalhador da cana, pai de muitos, avô de muitos tantos, bisavô de muitos mais e que se orgulhava muito de ser o "causador" de toda àquela gente...

Muita gente tem nos perguntado sobre o CD de Biu Roque. Se estava pronto, se vai sair...
Sobre o disco, ele tá pronto (gravado, mixado e masterizado) há quase um ano... produzido por Caçapa (que também arranjou praticamente todas as músicas) e Missionário José e co-produzido por mim. Com os músicos do interior (o pessoal da Fuloresta e duas filhas de Biu Roque - Lurdinha e Maíca) participações nossas e também de: Siba, Hélder Vasconcelos, Juliano Holanda, Cláudio Rabeca, Lula Marcondes, Renata Rosa e Iara Rennó.

O disco está pronto! Biu Roque participou ativamente de todo o processo de produção do disco. Escolheu o repertório, opinou, decidiu os convidados, acompanhou quase todos os dias de gravação, ficou, várias vezes, cerca de 12 horas no estúdio e terminava o dia mais animado do que todos nós. Ouviu o disco finalizado e aprovou o resultado!

Recebemos a capa final na sexta-feira passada. Ia imprimir hoje e levar no hospital pra ele ver... não deu tempo... verá de outra maneira...

Mesmo lamentando tantas coisas e sentindo a ausência do amigo querido, durante o enterro e esses dias seguintes, o meu sentimento de gratidão é realmente bem maior do que a dor da perda. Agradeço muito à vida, por ter conhecido e convivido com ele. Por ter tido o privilégio de fazer o seu disco, que não deveria ter sido o único solo... temos material para mais um ep, pelo menos, que já estava nos planos, assim como uma exposição, que também vinha sendo acalentada para o lançamento do CD...




Do blog da Karina Buhr:

Ele nasceu em Condado, viveu em Aliança.
Mestre de Cavalo Marinho, com toda grandeza que essa palavra puder ter dentro dela.

Antes de pensar na grandeza dela, tire qualquer chatice pedagógica que por ventura você possa associar a ela.
E dentro dela cabem tocar tarol divinamente, cantar como homem, cantar como mulher, cantar como passarinho.

De Recife dava pra ir ser feliz ali do lado, indo pro Cavalo Marinho de Mestre Batista, por exemplo,
que é onde Biu Roque esteve por tanto tempo e depois formou o seu próprio, o Boi Brasileiro.
Tesouro entre tantos de Condado, de Aliança...
Dava pra tê-lo em Recife também, de noite e de dia, no carnaval, no Boi da Gurita Seca e também em Olinda, Cidade Tabajara, na casa de Salustiano, em tantos inesquecíveis encontros de Cavalo Marinho no natal.

Chá de Esconso, Chã de Camará, Nazaré da Mata...um monte de nome bonito de lugar, na chamada Zona da Mata Norte de Pernambuco. Lugar de sambada de maracatu, de cavalo marinho, de côco, ciranda e de cana de açúcar. Trabalho do mais pesado com arte da mais leve e alegre.

Biu Roque trabalhou com cana de açúcar e música de açúcar.

Ou "doce da melancia", como ele falava de sua Maria.

Ele ficou conhecido por mais gente quando Siba estreou o Fuloresta.
Biu Roque é aquela voz aguda, mais linda dessa vida e agora de alguma outra qualquer.
Tesouro é o que ele era e é.

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