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1972 na música brasileira


Chico Buarque * Quando o carnaval chegar [dl aqui]
Ironias com o rock, arranjos de coreto, clima de carnaval de filme do Nelson Pereira dos Santos, canções rebuscadas e aquela delicadeza e melancolia que ganham a ala feminina: é o disco que inventa não só Marcelo Camelo, mas também toda a cena de samba universitário da Vila Madalena em São Paulo.


Caetano Veloso * Transa [dl aqui]
O disco favorito de todo fã do Caetano, o disco "mas esse é bom" de todo detrator do Caetano, o disco favorito do próprio Caetano e boa dose de inspiração pra atual "fase roqueira" dele. Gravado em Londres, com Caetano deprimido e inspirado e com a banda liderada por Jards Macalé tocando ao vivo no estúdio, criando camadas de sons, canções, emoções.


Elis Regina * Elis [dl aqui]
Elis Regina não era cantora de bossa nova nem de jazz, não era hippie nem tropicalista. Era tão idiossincraticamente pessoal que tiveram que inventar um rótulo o mais genérico possível - simplesmente "música popular brasileira" - pra dar conta de generalizar discos como esse. Muito por culpa de Cesar Camargo Mariano, recém-vindo da banda de Wilson Simonal.


Tom Zé * Tom Zé [dl aqui]
Foi ali, por volta de 1972, que Tom Zé teve que encarar de vez a dura realidade: ele não fazia parte da elite da música brasileira. Provavelmente não era nem tropicalista. Livre da responsabilidade e encarando sua própria genialidade, criou seu primeiro grande clássico - de uma série que ao mesmo tempo o jogou no esquecimento e o tirou de lá 20 anos depois.


Tim Maia * Tim Maia [dl aqui]
Tim Maia era movido a emoções fortes. E deve ter tido poucas mais fortes que a fossa e dor de corno que sentia quanto compôs e gravou esse disco, esbanjando conhecimento de causa em funksoul e transbordando despeito e desamor. Pelo menos em termos de à-flor-da-pele, o grande disco do recente biografado pela assinatura Nelson Motta.


Erasmo Carlos * Sonhos e Memórias [dl aqui]
Depois de ir gradativamente ampliando seus horizontes a cada disco desde fins dos anos 60, foi em 1972 que Erasmo assumiu que queria mesmo era ser hippie. Esqueceu aquele papo de jovem guarda, trocou de gravadora, casou e foi pro mato. Nessas, renasceu um grande compositor: agora a inspiração vinha em sambinhas, baladas folk, soul, desabafos e declarações.


Jards Macalé * Jards Macalé [dl aqui]
Animado como compositor pelo Vapor Barato da Gal e como bandleader pelo Transa do Caetano, em 1972 Jards respirou fundo e colocou tudo no seu primeiro disco: sua voz, seu violão, sua excentricidade, sua sensibilidade, a poesia de Waly Salomão e o som de Lanny Gordin e Tutty Moreno.


Gilberto Gil * Expresso 2222 [dl link]
Gil, eufórico de alegria de estar de volta ao Brasil depois de dois anos no exílio, faz um disco mais brasileiro que nunca - mas, sob a influência do primeiromundismo roqueiro britânico, também mais roqueiro do que nunca, com a pegada de Lanny e Tutty já virando assinatura.


Maria Bethânia * Drama - Anjo Exterminado [dl aqui]
Caminhando a passos largos em direção ao desbunde baiano sem limites da década de 70, mas ainda com a criatividade aguçada, Bethânia estava ligada nas coisas: chamou o irmão recém-chegado de Londres com aquelas idéias novas pra produzir um disco dela. Long story short, Drama está pra Bethânia como Transa pro Caetano.


Roberto Carlos * Roberto Carlos [dl aqui]
Em 1972 Roberto não precisava provar mais nada a ninguém. Já era há tempos o maior popstar do Brasil, já tinha sido justificado pela intelectualidade através do tropicalismo, já tinha superado tudo isso e entrado no olimpo popular com Detalhes. Então, fez a única coisa que lhe restava: inventou todo um estilo musical, hoje conhecido como "brega".


Novos Baianos * Acabou Chorare [dl aqui]
Depois de uma estréia subtropicalista, os Novos Baianos tiveram um intensivão direto na fonte de todas as revoluções: João Gilberto, que apareceu na comunidade hippie deles, dividiu o banza e os ensinou a graça de Assis Valente. Some à epifania cool de Moraes, Baby e Paulinho o virtuosismo empírico dos jovens gênios Pepeu, Dadi e Jorginho e pronto: obra-prima.


Wanderlea * Maravilhosa [dl aqui]
Entediada com a música e com a persona em que a haviam metido nos anos 60 - música e persona que ajudaram a libertar em público o inconsciente de incontáveis adolescentes brasileiras, mas já pareciam a essa altura coisa da década passada -, em 1972 Wanderlea desbundou maravilhosa: de black power loiro na capa, cantava o feminismo, Hyldon, Gil e Jorge Mautner (com direito a trejeitos bicha e tudo).


Leno e Lilian * Leno e Lilian [dl aqui]
Dois discos, sucesso, Devolva-me & Pobre Menina e quatro anos de carreiras solo depois, Leno e Lilian reencontraram-se para reinventarem-se de jovemguardistas naif a roqueiros-folkeiros setentistas melancólicos e semibregas, sob a batuta do então produtor Raul Seixas. E não é que as vozes sacarinas em uníssono funcionam na nova roupagem e o disco se torna um clássico esquecido do folk-pop brasileiro?


Arthur Verocai * Arthur Verocai [dl aqui]
Garoto prodígio da turma dos festivais que vinha se transformando em um dos arranjadores de ouro de sua geração, em 1972 Verocai ganhou passe livre da gravadora Continental para fazer um disco todo só seu, do jeito que quisesse. Com a experiência de diretor musical de um Ivan Lins imitando Tim Maia em começo de carreira e sob a influência de suas amizades mineiras, pirou total: solos jazzísticos, pegada funk, letras hippie de tom contemplativo e o primeiro sintetizador usado em um disco brasileiro. Demorou só 30 anos para as pessoas entenderem.

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14 Responses to “1972 na música brasileira”

  1. # Anonymous Anônimo

    esqueceu Acabou Chorare  

  2. # Blogger Ronaldo Evangelista

    Boa! Pronto.  

  3. # Blogger discoecultura

    ... verocai. cmon!  

  4. # Blogger Ronaldo Evangelista

    Verocai! Agora sim.  

  5. # Blogger Ronaldo Evangelista

    Tem ainda o Vento Sul, Quarteto em Cy, Alceu & Geraldo, Donato/Deodato, o Maestro...  

  6. # Anonymous Anônimo

    Navegando descobri seu blog. Gostei do Mixtape e das resenhas. Caramba, muita coisa boa foi feita nesse ano! abração.  

  7. # Blogger Ronaldo Evangelista

    Massa. Bem-vindo e volte sempre.  

  8. # Blogger granado

    Este comentário foi removido pelo autor.  

  9. # Blogger Fernanda Couto

    esqueceu Gal FA-TAL!  

  10. # Blogger Joyce`s craft

    Esqueceu o maravilhoso "clube da Esquina". Coloque o disco ai meu senhor!  

  11. # Blogger Alexandre Marques

    Ronaldo, Donato/Deodato é de 1973.  

  12. # Blogger Alexandre Marques

    Este comentário foi removido pelo autor.  

  13. # Blogger Alexandre Marques

    Em compensação, você pode incluir o "Cicatrizes" do MPB-4.  

  14. # Blogger Alexandre Marques

    Este comentário foi removido pelo autor.  

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