Quintessência
11 Comments Published by Ronaldo Evangelista on sexta-feira, 6 de junho de 2008 at 1:05 PM.Ontem, no Studio, enquanto o Gui discotecava, tava trocando idéia com o BNegão e ele me solta essa: Meirelles passou pro outro plano. Choque total, o Meirelles não achei que estivesse indo tão cedo. O cara era mestre absoluto, inventor da coisa toda e até outro dia ainda a todo vapor.
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Infelizmente não achei nenhum vídeo dele tocando seu tenor nervoso, mas nada mal esse "O Barquinho" com flauta e o trio do Dom Salvador.
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O Som, pra mim, é o grande disco brasileiro de jazz. É o disco que define o samba-jazz. É o Kind of Blue brasileiro, é o Moanin' brasileiro, o Chega de Saudade da improvisação brasileira. É mais: é O Som. Pefeição do começo ao fim, composições, arranjos, seqüenciamento, capa, gravação, masterização, mixagem, ilha deserta. O que dizer de Quintessência, Nordeste, Solitude? E dos acompanhantes: Dom Um Romão, Tenório Jr, Manoel Gusmão, Pedro Paulo? Sem falar em todos os sons, arranjos e composições que o Meirelles espalhou em grandes discos por aí, de Jorge Ben a Sergio Mendes a Edison Machado a tantos outros.
Baixe já, aqui.
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Em 2005, quando escrevi uma matéria sobre samba-jazz pra Folha, o Meirelles foi o primeiro cara pra quem liguei, e ouvi grandes histórias.
Antes ainda, no começo de 2003, quando fui chamado pra trabalhar na revista Jazz+, a primeiríssima coisa que quis fazer foi entrevistar o Meirelles. Fui num show dele aqui em São Paulo, o cerquei depois do show, consegui um número e semana seguinte batemos longo papo, que se transformou no primeiro entrevistão da primeira edição da Jazz+.
Na época, ele tinha acabado de voltar a tocar depois de anos, seus dois primeiros discos tinham acabado de ser relançados, ele tinha feito um disco novo e - lembra? - havia até um personagem na novela das oito inspirado nele, interpretado pelo Tony Ramos.
Abaixo, versão redux da entrevista.
Como foi voltar a tocar depois de tanto tempo?
Eu fiquei sem tocar uns 10 anos, cheguei até a vender meu sax e comprar um computador. Os computadores estavam em ascensão na época, era um instrumento novo, só que era um instrumento muito solitário. Então, eu voltei a tocar por insistência dos amigos, que não se conformavam que eu tinha parado. Eu achava que não valia a pena. Você só ouvia por aí axé e pagode, não havia espaço para outra coisa. Tiraram até o rock da mídia, quem diria o samba-jazz. Não se pode brigar com o sistema. Mas aí alguns amigos insistiram, me deram um novo saxofone de presente, programaram alguns shows, isso três anos atrás. Aí eu voltei a tocar, misturando o meu repertório antigo mais alguns jazz estrangeiros clássicos. Posteriormente fui tocar no bistrô, na Modern Sound, e fiquei lá dois anos. Lá eu tocava também bastante bossa nova, porque era uma coisa bastante heterogênea, era uma loja de discos, um bistrô, eu tocava para aquele público, o que aquele público queria ouvir. Eu aprendi a ser profissional. Já estou muito velho para precisar ficar me afirmando.
E como foi o relançamento dos seus dois primeiros discos?
Os meus dois primeiros discos se tornaram muito procurados, muito raros. Eles chegavam a valer US$400 em vinil. Imagina, US$400 por um LP? Eu mesmo cheguei a vender duas cópias que eu tinha do meu primeiro disco por US$200 cada. Então eu tive várias propostas para o relançamento dos meus dois primeiros discos, várias gravadoras entravam em contato comigo querendo relançá-los, mas as propostas não eram interessantes. Até que a Dubas, pela pessoa do Ronaldo Bastos, junto com seu irmão e a Marisa Goldman, entrou em contato comigo e eu achei que a proposta era legal. Foi uma coisa de intuição mesmo. Eu vi que o interesse deles era mais do que comercial, eles tinham interesse em valorizar o produto histórico. Nós conversamos, eles concordaram com a maneira que eu queria que os discos fossem relançados e os discos saíram, com distribuição da Universal.
Eu dei muita sorte, porque eu recebi uma mídia muito forte por causa desses relançamentos. Eu não esperava que tanta gente gostasse e tivesse interesse em mim, no samba-jazz. Acabaram saindo matérias nos principais veículos, n'O Globo, no Jornal do Brasil, na Folha de S.Paulo, na Veja, eu inclusive me tornei amigo de muitos dos jornalistas que entraram em contato comigo para fazer matérias. Tudo isso ajudou muito na divulgação desses relançamentos.
E o disco novo?
Eu fiz questão de ter um produto novo, de sair do passado, eu finalmente deixei de ser um artista virtual. Toda matéria que falava de mim dizia que eu era "lendário", que eu era "um mito", eu achava isso um saco! Tinha todo o espectro dos anos 60 sobre mim. Eu fiquei 30 anos sem tocar uma música minha. Eu era muito radical, achava que não valia a pena. Até que voltei a tocar, vi o interesse das pessoas e surgiu a proposta da Dubas de gravar o disco novo. É muito raro alguém se dispor a bancar um disco instrumental aqui no Brasil. É mais fácil você gravar de uma forma independente, lançar por um pequeno selo sem distribuição, mas não é a mesma coisa. Nisso, o Antonio Adolfo foi pioneiro [com seu disco Feito em Casa, de 1977]. Naquela época, ninguém gravava disco instrumental. Aí ele gravou em casa, no seu home studio. Claro que a qualidade não é a mesma, e é esse o problema. Eu sempre acreditei que o profissional tem que ser valorizado, tem que ter o mínimo de qualidade para fazer as coisas. E com a Dubas foi exatamente como eu queria. Chegamos a um denominador comum, em termos de orçamento, cada parte cedeu um pouco, e foi tudo certo.
Eu tive que praticamente iniciar minha carreira novamente, na terceira idade. Então quis gravar um disco novo, com um grupo novo. Fui lá, escolhi os músicos, escolhi o estúdio, em um mês eu escrevi as músicas e os arranjos do disco novo e em três dias gravei tudo, com mais um dia para masterização. Eu passei 15 anos como músico, produtor e arranjador contratado da ODEON, então ganhei prática, gravar rápido não foi um problema.
Depois que gravei o disco novo, aí sumiu o estigma de "músico lendário". Eu fiquei dois anos tocando no bistrô, todo mundo já sabia onde me encontrar, já me ouvia tocar. Agora eu estou na atualidade, estou satisfeito. Eu levei três anos para fazer tudo isso. Se eu tivesse pensado em voltar de verdade antes de tocar um pouco, gravar disco novo, fazer músicas novas, ter uma banda nova, as pessoas iam olhar pra mim e dizer, "mas de onde ele veio?"´
Então eu me assumi o rei do samba-jazz. Não tem o rei da bossa nova, o rei da cocada preta? Então eu sou o rei do samba-jazz. Não sobrou mais ninguém mesmo.
Agora eu parei de tocar músicas estrangeiras. Isso é uma coisa que eu achei que tinha que fazer. Todo mundo fez isso quando assumiu um papel de liderança. O Paulo Moura, o João Donato, o Johnny Alf, eles tocavam músicas estrangeiras, mas quando assumiram um papel importante dentro da música brasileira, eles pararam com as músicas estrangeiras. Não posso querer comer e guardar o bolo, não é? O artista brasileiro tem uma certa responsabilidade, tem algo a representar. Eu sempre relutei, sempre fui um profissional e não um artista, mas agora resolvi assumir. Dá muito trabalho, é seu nome ali, você tem que administrar tudo. Agora acho que estou conseguindo as coisas como quero, então vale a pena o trabalho.
Aqui no Rio tem uma meia-dúzia de lugares onde acho que vale a pena tocar, como o BNDES e o CCBB, que têm um orçamento legal e bons espaços para música instrumental. Além desses lugares só tem barzinhos, onde você ganha mal e não tem espaço pra tocar com uma formação maior do que um trio. Eu gostaria de tocar em lugares com uma estrutura boa, com a mesma dimensão de shows grandes da música brasileira. Acho que a música instrumental deveria ter esses espaços. Mas aos poucos estou conseguindo isso. Acho que estou conseguindo abrir um espaço que espero que ajude outras pessoas também.
E você já está pensando em gravar outros discos?
Eu já estou com alguns projetos para discos novos. Eu recebi um convite da Deck Disc e de um produtor japonês para gravar um disco do Meirelles e os Copa 5 junto com a Wanda Sá, e espero que isso se concretize. Se der certo, isso deve ser já em abril. A Wanda Sá tem tocado sempre lá no Japão, com o Menescal, e acho que seria uma coisa bem bacana pra gente. Mesmo porque meus discos vendem muito bem no Japão, e não só os discos da Philips. Outros discos meus que eu gravei na ODEON também saíram lá e vendem muito bem. Além disso, existe um projeto com a Dubas de gravar um disco ao vivo do Meirelles e os Copa 5. Aí a idéia é gravar numa sala legal, com os músicos com quem eu tenho tocado ao vivo, músicas do disco novo e também algumas das minhas músicas antigas, coisas do presente e do passado.
No seu show em São Paulo você disse que nesses 39 anos entre seu segundo e seu terceiro discos a sua música não mudou, o que mudou foi o público. Suas influências ainda são as mesmas?
Não, de jeito nenhum. Eu não ouço mais jazz. O jazz já perdeu todo o significado pra mim. Mas é como um alemão que vive 20 anos no Brasil e não perde o sotaque, eu nunca vou perder o sotaque do samba-jazz, faz parte da minha personalidade. Hoje em dia eu ouço cada vez mais música brasileira, mas minha formação foi no jazz. Eu tinha 23 anos, vivia jazz, ouvia o tempo inteiro o jazz americano. Aliás, acho que em São Paulo toda a turma só ouvia discos de jazz americano. Não existia samba-jazz em São Paulo, o estilo estava todo calcado no jazz americano. Naquela época, acho que o único de todos nós que já tinha um estilo definido era o Dom Um Romão, que não tinha influências americanas. Ele tocava jazz, mas era muito brasileiro. O meu estilo mesmo, dava pra perceber, era muito influenciado por quatro saxofonistas, só variava de música pra música - mas não vou te contar quem são os quatro, você tem que ouvir e descobrir.
Depois eu toquei sax alto, mas naquela época eu ainda tocava tenor. Eu acho que é muito importante a pessoa achar o estilo. Você vê essas pessoas, esses músicos que agora vão estudar nessas escolas americanas de música, aprendem determinadas coisas e ficam só repetindo aquilo, comigo isso não funciona. Eu tenho que tocar a minha emoção, a minha melodia. Esse é o estágio final do que eu gosto de fazer, e eu acho que agora eu estou conseguindo isso. Acho que o único músico que eu conheço que começou assim, achando o seu estilo de cara, foi o João Donato, ele nasceu pronto. Desde 1958 que ele toca do jeito dele, nunca mudou, sempre foi original e com uma maneira própria de tocar. Eu não, tive que correr atrás do meu estilo. Eu fui muito influenciado por ele, inclusive. Mas hoje em dia eu acho que já tenho meu estilo, meu jeito de tocar.
Como você começou sua carreira, com o Sylvio Mazzuca, tocando no Bottle's etc, e como você chegou a tocar com o Jorge Ben?
Eu comecei a tocar em 1958, aqui no Rio de Janeiro, com o João Donato, o Johnny Alf... Depois o Johnny Alf foi pra São Paulo e eu fui também. Havia vários grupos e várias casas noturnas na época, então a gente fazia bastante coisa. Nessa época aí em São Paulo eu comecei a tocar também com o Sylvio Mazzuca, eu estava sempre indo e vindo, sempre entre o Rio e São Paulo.
Em 1963 eu estava passando a maior parte do meu tempo aqui no Rio, tocando no Bottle's, e o Jorge Ben costumava aparecer lá para tocar. Lá no Bottle's a gente não gostava disso, a gente não gostava de bico, mas os dois únicos que funcionavam, com quem a gente adorava tocar, eram a Rosinha de Valença e o Jorge Ben. O Jorge Ben sempre aparecia lá e tocava aquelas duas primeiras músicas dele ["Mas, Que Nada" e "Por Causa de Você, Menina"], até que o Manoel Gusmão levou ele lá na Philips, pra ver se ele gravava. Aí o Armando Pittigliani adorou, porque ele era um cara completamente desconhecido e em uma semana vendeu cem mil discos. Que naquela época não era nem compacto, era 78 rotações, esse foi o último 78 rpm, sabia? Depois vieram os Long-Playings e depois os compactos.
E quando nós fomos lá e gravamos com o Jorge Ben, o Armando Pittigliani chegou pra mim e disse: "o Jorge Ben é ótimo, mas o som dessa sua banda é bem interessante, hein?" e convidou a gente pra gravar um disco. Ele, inclusive, só conheceu o som do disco depois de gravado. Ele era um cara que acreditava muito na gente, por isso que ele produziu as melhores coisas, o Tamba Trio, Os Cariocas... E esse foi o meu começo. Depois disso eu fui pra ODEON, onde eu também gravei bastante coisa. Tem até um disco de 1969, Tropical, que é legal e acabou de ser relançado por uma gravadora inglesa. Mas esse não é samba-jazz, é latin jazz, por isso eu até mudei a formação e o nome, de Copa 5 pra Copa 7.
Então por que você diz que o Samba-Jazz!! é o seu terceiro disco?
Eu digo que o disco novo, Samba-Jazz!!, é o meu terceiro disco porque é o terceiro disco do Copa 5, que é o meu projeto pessoal. Os outros que eu lancei não fazem parte dessa minha trajetória. Quando eu estava na ODEON eu produzi, arranjei e orquestrei muitos discos, mas não botei meu nome em nenhum deles, para não misturar as coisas, não virar uma salada. Eu fiz arranjos até pro Chacrinha, mas ninguém sabe disso. Eu quis conservar o meu nome ligado ao samba-jazz, e acho que consegui. Senão fica como esses artistas que cada ano estão fazendo uma coisa diferente, você nunca sabe qual é a cara deles, o que eles gostam de fazer. É uma questão de estilo, é a minha maneira de fazer as coisas. Eu gosto de escolher os músicos com quem eu vou tocar, arranjar tudo legal. Eu tenho 60 anos, não preciso ficar me exibindo, mesmo porque eu sou meio preguiçoso. Mas eu gosto de interatividade, de tocar com pessoas diferentes, ver o que elas acrescentam às minhas músicas com seus solos. Não é como aquele menino, Yamandu Costa, que toca até demais. Ele é virtuose demais, não sobra espaço pra mais ninguém tocar com ele. [risos] Eu tenho segurança e posso dizer, nunca gravei um solo de bateria em um disco meu. E olha que eu toquei com os melhores bateristas, como o Dom Um Romão e o Edison Machado. E isso é uma questão estética, é um tipo de sonoridade que eu quero preservar em meus discos. Ao vivo é outra coisa, existe mais liberdade, mas nos discos eu quero manter um padrão. É tudo feito com espontaneidade, mas é uma espontaneidade organizada.
Havia mais efervescência na música nos anos 60?
Essa é uma boa maneira de dizer isso. A música era melhor naquela época. Mas acho que isso foi um reflexo de todo o momento criativo dos anos 60, tudo era mais rico, em todas as manifestações artísticas. Inclusive aqui no Brasil. Mas infelizmente nós tivemos o problema político que interrompeu e tornou tudo cada vez mais difícil. Na música acontecia também que nós tínhamos 20 anos, éramos todos muito românticos. Nós gostávamos tanto de tocar que não nos importávamos com a falta de profissionalismo. Os que tinham visão tomaram um avião e foram embora do Brasil. Porque aqui era assim, quem tocava tinha que tocar sem luz, sem som, sem palco. Mas nós tocávamos sem pensar muito, era como um hobby, era algo paralelo. E é assim até hoje. Eu tenho amigos aí em São Paulo que trabalham com publicidade, fazendo jingles, há 20 anos. Mas eles estão sempre tocando música instrumental por aí, ninguém agüenta ficar só fazendo jingles. Hoje eles tocam com um nome, amanhã com outro. Eu acho que esse nosso romantismo parou nos anos 60, agora a gente tem que buscar o melhor pra gente da melhor maneira.
Será que a música instrumental brasileira está tendo uma segunda chance?
Acho que a burrice da música nos últimos 10 anos entupiu as pessoas. As gravadoras não sabem mais o que fazer, ou melhor, não sabem mais fazer. É tudo tão repetitivo e tão ruim que o mercado ficou muito esquisito. E agora eles acordaram um pouco, você vai nas lojas e vê só relançamentos, de todos os estilos. É uma coisa que eles deveriam ter feito há muito tempo, mas ainda bem que estão fazendo. Então acho que essa coisa boa que nós temos agora é uma coisa de relançamentos, acho que continua sendo muito difícil para a música instrumental ter uma oportunidade em disco hoje em dia. E, para tocar ao vivo, talvez esteja melhorando pouco a pouco. Muita gente tem tocado, mas não da melhor maneira. As pessoas tocam hoje aqui, amanhã ali, em uns 4 lugares por semana, ganham R$100 por lugar, no fim do mês pagam o aluguel. Mas eu quero fazer samba-jazz e quero ter espaço.
O samba-jazz deveria ser reconhecido como um estilo do jazz, como o be-bop ou o cool jazz?
Acho que sim. Porque você veja, gente como o Stan Getz e o Bud Shank ficaram famosos assim e não compuseram nada como eu. Eles pegaram a bossa e ficaram ricos, sem compor. Não é uma música instrumental original. Mas aqui o rei sou eu. [risos]
Você passou um tempo no exterior. Por que decidiu voltar, se lá as oportunidades eram melhores?
Eu morei no México, na Suécia, em Monte Carlo, mas no fim eu sempre queria a minha cidade. Eu fui viajar com a minha família, foi ótimo, tive ótimas oportunidades. A melhor oportunidade da minha vida foi em um cassino em Monte Carlo. A Grace Kelly ainda estava viva, eu tomava uísque com o Frank Sinatra na mesa. E o dono do cassino me pagava muito bem. Mas uma hora a ficha caiu, aquilo era muito bonito, mas não era aquilo que eu queria, era tudo muito comercial. Talvez eu devesse ter tido paciência, ficado mais um pouco, enchido o bolso de grana antes de voltar, mas eu não agüentei. E, no fim, quando eu voltei, era o governo Médici e as coisas estavam ainda piores.
No texto da contra-capa do seu primeiro disco, de 1964, você escreveu que "nesta era de produções em massa", era um "velho sonho feito realidade" gravar "uma música sem preconceitos e limitações comerciais". E o que você acha da música hoje?
Pois é, eu tinha 23 anos e já era pessimista, e hoje em dia as coisas só pioraram. Acho que a indústria fonográfica do jeito que está é uma coisa antropofágica, que se destrói. Essa coisa da Egüinha Pocotó, não tinha isso nos anos 60. Tinha coisas ruins naquela época, mas elas não tiravam o espaço das coisas boas. Hoje em dia tem muita gente interessada em música boa, mas ninguém tem acesso. Quando as rádios FMs surgiram, elas só tocavam música instrumental, o tempo inteiro. Hoje em dia, você ouve uma hora por semana de música instrumental e é quase um favor. As coisas mudaram radicalmente, e eu não entendo porquê. Chegou um ponto em que eu desisti. E isso foi logo depois de lançar meu segundo disco, em 1965. Não acreditava mais naquilo. Eu vi amigos meus enlouquecerem, literalmente, e morrerem. Uma mistura de drogas e bebidas e frutrações, e eu não queria isso pra mim. Mas hoje as coisas estão melhorando, pelo menos para mim. Espero que melhore para os outros também.
Você está até sendo citado na novela das oito. Como aconteceu isso?
Eu conheço o Manoel Carlos há bastante tempo, trabalhei com ele na TV Record. Outro dia eu toquei na festa de lançamento da novela das 8, em que o meu amigo Laércio de Freitas está atuando. Ele foi o pianista do meu disco novo e agora é o pianista da banda do Tony Ramos na novela. Além de músico ele é ator. Então às vezes o Manoel Carlos coloca alguma piada comigo no texto. O pessoal da banda fala para o tony Ramos, que é um saxofonista, "toca direito senão a gente vai chamar o Meirelles pra ficar no seu lugar, hein?" e ele responde, "e você acha que alguém como o Meirelles vai querer tocar aqui?!". [risos]
Marcadores: 78RPM, Antonio Adolfo, Armando Pittigliani, Beco das Garrafas, Entrevista, João Donato, Johnny Alf, JT Meirelles, Laércio de Freitas, Paulo Moura, samba-jazz, Tamba Trio, Você Ainda Não Ouviu Nada
boa! Meirelles é o mestre. abraço,
Vi que você botou O Som no OPS também, classe. No repeat aqui hoje pra mandar good vibes lá pra cima.
está classudo o blog, hein Ronaldo? Parabéns e abraço!
Ramiro
Valeu, Ramiro! Tamojunto.
Ô tristeza...
Abs,
Bruno.
qdo ele me contou eu tinha certeza q vc ia ficar chateado e fazer uma bela homenagem por aqui. bjos
Bela homenagem.
Valeuzis.
Parabéns pela matéria e pela homenagem a esse grande mestre! Obrigado Ronaldo, Obrigado J.T.!
Valeo, Brazil!
Demais Ronaldo!!!
Good vibes!!!
Dani