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casualmente







Concentração é uma coisa louca: a diferença entre uma lembrança bem vivida e uma idéia genial congelada nas intenções é um segundo, o foco, o ato. Jazz, assim como a vida, funciona melhor de improviso. A gente só planeja a vida até a hora de viver, aí é do jeito que vai, casualmente. Você ouve quem tá do seu lado, saca o tom, pesca e joga idéias, raciocínios, frases e ações. Se estiver concentrado no que está vivendo, tira de letra. // Em 17 de janeiro de 1961 Dizzy Gillespie foi ao programa Jazz Casual, do Colunista Sindicado Ralph J. Gleason, com tique de intelectual e considerações de almanaque. E falou improvisando, com composições, solos e banda. // Inacreditáveis os dedos elásticos de um dos grandes, aqui no piano, Lalo Schifrin (comece pelo último vídeo) e as convenções dinâmicas da formação clássica do hard bop: quinteto; trompete, sax, piano, baixo, bateria. Enquanto a música atinge níveis celestiais de ebulição, Dizzy enche a bochecha, levanta o trompete e mantém o olhar calmo. Leo Wright esbanja sutileza de comunicação, rápido ou devagar, em alto ou baixo volume, na flauta ou no sax alto. Bob Cunningham no baixo e Chuck Lampkin na bateria tocam como se não houvesse amanhã, nem daqui a pouco, nem nada além de agora. Pura concentração, intensidade, devoção. // Trilha do nascimento do pensamento moderno; influência imediatamente direta pros afro-sambas e pra tantos trios e combos do samba-jazz; das últimas grandes esquerdas do jazz antes da implosão final do free.

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