RONALDOEVANGELISTA


solid jazz with a bossa nova ring



Revista Billboard, 11 de maio de 1963.

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Tulipa canta Marcos Valle





"Com mais de 30", "Os grilos" e "Black is beautiful", semana passada no programa Som Brasil, madrugada da Rede Globo, Tulipa mais Gustavo Ruiz, Luiz Chagas, Marcio Arantes, Duani, Donatinho - e Marcos Valle de plateia. Tudo a ver nas musicalidades sobrenaturais, good vibes generalizadas e gosto por brincadeiras sérias, levezas profundas e arranjos que constantemente reinventam dinâmicas, passeiam pelas possibilidades, brincam com as melodias. As músicas de Marcos Valle soam bem em qualquer situação, qualquer música na voz de Tulipa soa especial. Se é surpreendente o encontro, não é nada surpreendente que não tinha como dar errado.

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carimbó sirimbó é gostoso




Um certo mestre de Belém do Pará, um certo quarteto carioca. De onde vem esse balanço gostoso? Misturei carimbó e siriá. A virada perfeita, agora oficializada com o lançamento dos Do Amor em vinil e com meu feliz achado recente de Carimbó e Sirimbó No Embalo do Pinduca Volume 2 no Cel-Som. Em momento auge na Bendita sábado passado, n'algum Veneno porvir (por exemplo, quinta na Casa 92) e play acima.

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Bendita/Veneno



Sábado passado o trio Veneno baixou na Bendita Festa pra uma festa, como sempre, delícia. Paquera antiga: Bendita e Veneno dividem o pódio de festas mais good vibe da cidade. // Não só, semana passada colamos também nos estúdios Theo Werneck, ao lado de Alice e Ana, da Bendita, mais Monica, toda a turma Uia, e gravamos podcast e trocamos idéias sobre as coisas que fazem noites e festas e sons especiais e ainda contamos a história factual e afetiva de criação do Soundsystem. (De lambuja, um pouco da história do Bixiga 70, ex-Malaika.) Se ainda não ouviu, só clicar aqui.

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Tema de Malaika





Já é tradição do 15 de outubro, aniversário de nascimento do Fela Kuti: pelo mundo, rituais de celebração pelo poder da música, de liberdade e vida, corpo e alma.

Esse ano, além do primeiro Dia Fela em Belo Horizonte e da segunda edição da festa Makula no Rio (com show da Abayomy Afrobeat Orquestra, que nasceu nesta data ano passado), em São Paulo acontece já a quarta edição da Festa Fela, com uma novidade: estreia da MALAIKA, talvez a primeira banda de afrobeat (etc) da cidade.

No play acima, o "Tema de Malaika", gravação de ensaio em um estúdio no Bixiga. A banda, juntando só gente legal que você já viu por aí tocando com Rockers Control, Projeto Coisa Fina, Som da Selva, Projeto Nave, Otis Trio, Clube do Balanço, Anelis Assumpção, Leo Cavalcanti:

Décio 7 - bateria
Rômulo Nardes - percussão
Buda - baixo
Cris Scabello - guitarra
Mauricio Fleury - guitarra, piano, órgão
Cuca - sax barítono, flauta
Tiquinho - trombone
Daniel Nogueira - sax tenor, flauta
Daniel Gralha - trompete

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realismo fantástico



Em 2007 Rodrigo Siqueira andava por cantos do sertão mineiro atrás de tradições afro-brasileiras, como os cantos vissungo no dialeto banguela. No quilombo Quartel do Indaiá, perto de Diamantina, achou mais: Pedro de Alexina, 82, garimpeiro de diamantes, mina de tradições, sincretismo vivo. O filme que nasceu, "Terra Deu Terra Come", é bonito, sensível, inteligente, inspirador, instigante, brincando com nossos preceitos, subvertendo nossas expectativas, aumentando nossa dimensão de realidade. Histórias de pedras encontradas, vendidas, enterradas e perdidas, de alma, vida e morte, do que vemos e sentimos e sabemos e ignoramos, de velhice e juventude, sabedoria e simplicidade, humildade e orgulho, rusticidade e sofisticação. Segredos e revelações, morais e rituais, costumes e evolução. Jogo de cena do tamanho da vida, documentário com ficções escondidas, ficções com maravilhosas documentações do nosso mundo. // Em São Paulo, em cartaz no Cine Livraria Cultura, Conjunto Nacional. Pelo Brasil, se espalhando, só acompanhar.

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bambo que nem mulambo



Ary Barroso, Sergio Porto, Aurélio Buarque de Holanda são três que notoriamente se emocionaram com a voz de beleza sobrenatural e profundidade barítona de José Tobias - cantor pernambucano que entre 1950 e 1961 fez o percurso das rádios Jornal do Commercio, no Recife, Tupi, no Rio de Janeiro, e Record, em São Paulo, onde fixou residência pelo resto da década. Em 1963 e 1965 lançou seus álbuns mais famosos - mas ainda bem raros -, pela Audio Fidelity e sua sucessora, Som/Maior. Antes disso, 61 ou 62, entrou no estúdio da Magisom (de jingles como "Quem bate? É o frio"), na Galeria Califórnia, na Barão de Itapetininga, para gravar o samba-jongo afro-brasileiro "Cafuné" (lançado originalmente por Aracy de Almeida, 78 rpm, 1955), de Denis Brean e Gilberto Martins, arranjo do maestro Hector Lagna Fietta, play abaixo.



Quero um copo d’água, nega, e um café
Quero que você me faça um cafuné

Sinto uma saudade louca de você
Quero nos seus braços, nega, adormecer

O seu jeitinho de fazer carinho, nega, me faz enlouquecer de prazer
E me deixa ficar todo bambo, todo bambo bambo bambo que nem mulambo

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jazz moderno tocado sobre o ritmo de bossa nova



Andam fazendo por aí uma confusão danada sobre bossa nova e jazz samba. A coisa é muito simples: bossa nova é samba moderno, no qual letra, melodia, harmonia e ritmo formam um todo indissolúvel, enquanto que jazz samba é jazz moderno tocado sobre o ritmo de bossa nova. Harmônica e melodicamente, é tão jazz quanto a música de Horace Silver e Art Blakey. A única diferença é a batida. Neste LP, o tenorista Meirelles e seu conjunto Copa Cinco se exercitam nitidamente no gênero jazz samba. Excluindo-se as inevitáveis especulações sobre a autenticidade do novo gênero, devemos dizer que o jazz samba tem nesse LP talvez o seu disco mais representativo até aqui.

Como arranjador, Meirelles nos pareceu basicamente influenciado por Benny Golson. Seu esquema para os seis números do LP é semelhante ao que BG usava para os Jazz Messengers de Art Blakey, quando dirigiu musicalmente o conjunto, nos últimos anos da década de 50: tema exposto por piston e tenor, em uníssono, solos de tenor, piston, piano, baixo e bateria, e retomada do tema em uníssono, no final. Como tenorista, diríamos que Meirelles é um getziano que começa a se empolgar por Sonny Rollins. Ele ainda exibe muita coisa de Getz, no que se refere à concepção, mas sua sonoridade está bem próxima da de Rollins, especialmente no que concerne a liberdade sonora com que vem experimentando o criador de “The Bridge”.

Depois de Meirelles, o solista mais importante é o pistonista Pedro Paulo, que toca aqui com surpreendente bom-gosto e equilíbrio. Seu estilo e sonoridade lembram um pouco a Freddie Hubbard, embora sua técnica ainda esteja bastante longe da do novo pistonista dos Jazz Messengers. Luís Carlos Vinhas - que mostrou ser um autêntico pianista de jazz samba em seu LP gravado para a Audio Fidelity – apresenta-se aqui mais contido, mais preso à partitura. Seus vôos são bem mais baixos que no LP referido, onde sua liberdade era total. Gostamos bastante de seus solos, aqui muito mais líricos, mais serenos que no disco do Bossa Três. O baixista Manoel Gusmão evidenciou ser uma peça preciosa no esquema harmônico e rítmico estabelecido por Meirelles, e o baterista Do Um ratifica de maneira estupenda sua condição de ‘top drummer’ do jazz samba. Dispondo da liberdade que Bill Grauer resolveu não lhe dar no LP de Cannonball com o Sexteto Bossa Rio – no qual acompanha o tempo todo na caixa, sem usar os pratos uma única vez – Do Um utiliza ampla e incessantemente todos os elementos de bateria, presenteando-nos com um trabalho de distribuição realmente espetacular.

Parabéns ao jovem tenorista Meirelles. Seu LP é sem dúvida o mais representativo e mais autêntico gravado até aqui, em matéria de jazz samba. Aconselhamos remeter uma cópia urgentemente para os comentaristas de “Down Beat”.

Nota – Acreditamos que depois deste LP – que contém faixas improvisadas de 7 e 8 minutos de duração – estejam finalmente abertas na Philips as portas para o lançamento regular de LPs de jazz.


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Sylvio Tullio Cardoso resenha O Som e dá as boas vindas ao samba-jazz, O Globo, 1965.

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Lloyd Miller, The Heliocentrics





Os Heliocentrics provaram o alto nível da sua sensibilidade musical não só com seus discos, mas em um álbum ao lado do mestre do jazz etíope, Mulatu Astatké, em 2009. // Doutor Lloyd Miller, 72 anos, ganhou fama fugindo da fama, levando suas pesquisas e seu toque desde os anos 50 em viagens pelo Irã, Beirute e lugares pouco exlorados na Ásia e Europa Continental. // O encontro do coletivo inglês com o doutor em Estudos Asiáticos aconteceu em um EP no começo do ano e agora em recém-lançado LP pela Strut Records: interação brilhante, composições reveladoras, abordagem serena, jazz oriental, psicodelia zen, espiritualidade global. // Baterista, multiinstrumentista e líder dos Heliocentrics, Malcolm Catto oferece o frescor de sua experiência com Dap-Kings, Quantic Soul Orchestra, DJ Shadow, Madlib. // Além de etnomusicólogo, multiinstrumentista particular, Lloyd Miller toca piano, clarinete, vibrafone, cítara, alaúde, flauta de madeira, violino de uma corda, instrumentos melódicos, harmônicos e percussivos tailandeses e chineses, sobre intenções, cadências, inflexões e ritmos indianos, asáticos, persas, iranianos, orientais, invulgares. // Do ano.

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Eastern Promise



De brincadeiras em um estúdio analógico em Nottingham, na Inglaterra, nasceu a Natural Yogurt Band: dois amigos, baterias grooveadas e pianos nervosos, flauta e vibrafone, piano elétrico e efeitos, entre Ramsey Lewis e Lloyd Miller, Heliocentrics e Tommy Guerrero. O primeiro disco, homônimo, saiu em 2008 pela JazzMan (na Inglaterra), depois em 2009 pela Now Again (nos States). Agora logo mais, pelas duas, sai o novo, "Tuck In With The Natural Yogurt Band", primeiro single acima, nota 10, top funks 2010, top jazz, promessa do oriente.

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Fela, 72



Falando em Kalakuta, se prepara: dia 15 tem celebração de aniversário do Fela, com line-up preza de DJs e a estreia mundial da Orquestra Malaika.

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Burro Morto & Curumin




Primeiro, faixa do disco novo do Burro Morto, com participação do Curumin na batera (e Lucas no baixo): "Kalakuta", afrobeat finesse via Paraíba. Segundo, "Mal Estar Card", do Curuma, em versão pocket groove chinfra, com participação dos Burromuertos (e Lucas). Do Programa Compacto, gudibái.

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Hypnotic Bros.





Os oito filhos de Phil Cohran, rappers, mas de criança estudados nos metais, mais seu amigo baterista vieram ao Brasil com sua Hypnotic Brass Ensemble: pegada funk, sensibilidade hip-hop, herança de jazz de vanguarda, seriedade e aristocracia negra Chicagoana, caminho próprio de mercado e personalidade. No PercPan 2010 - só não em São Paulo. Acima, três momentos do show, quarta passada, no Teatro Castro Alves, Salvador, Bahia.

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Eles estão surdos!










Em 1969, Roberto Carlos estava em plena fase soul: ouvia James Brown, gravava Tim Maia, aprendia a cantar temperando a doçura com agressividade e tinha planos de compor uma música chamada "Eu Queria Ser Negro". Pela mesma época, começava a descobrir a fé como inspiração: compôs "Jesus Cristo", tão deslavadamente gospel que só funcionou na gravação quando chamaram para o piano Dom Salvador, depois de muitos outros tentarem e não atingirem o ponto certo de ebulição. Não era coincidência: pouco depois Salvador estaria dando um tempo no samba-jazz pra montar a Banda Abolição, primeira grande formação de consciência negra na música brasileira pop setentista.

Roberto também continuou interessado naquele som, e em como a catarse do funk atingia outros níveis ligado à força da fé. Em seu disco de 1971, lançou sua segunda - e ainda melhor - música funk-gospel, "Todos Estão Surdos". Sem precisar citar o nome do protagonista, que já tinha sido título e refrão na homenagem anterior, o discurso mistura o sonho de John Lennon e os cachos de Caetano, o hippiesmo zen de Erasmo e o fervor religioso do negro gospel americano pra dizer uma simples verdade universal: todo homem traz a paz dentro de si, mas poucos olham pra ela.

Universal não é só modo de dizer: no play acima, duas versões estrangeiras de "Todos Estão Surdos": pelo cantor porto-riquenho Danny Rivera, que aliás também gravou "Jesus Cristo", e pela banda de estúdio francesa April Orchestra, library music. Enquanto o primeiro faz versão fiel, em castelhano, até da parte falada, a segunda exclui as palavras e os autores e adiciona coro feminino e ainda assina a autoria nos créditos do LP.

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