RONALDOEVANGELISTA


Estamos prontos para juntá-los e cantar uma pequena rotina em estilo livre



Dois dos caras mais massa que você vê tocando pela noite de São Paulo se encontram domingão no Ibirapuera para mostrar seus projetos pessoais, suas bandas e suas músicas incríveis, juntos, em palco de gala. Guizado com os temas mais-jazz-que-o-jazz do Punx, Curumin com o groove sem fim das músicas do Japan Pop show, tudo ao mesmo tempo agora. Heavy.

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Think Tank Especial Artistas

No ar essa semana nova edição da roda de pensamentos sobre as possibilidades da música no nosso mundo 2.0. Mas dessa vez, depois de algumas edições com produtores, gente-de-gravadora, pensadores e opinadores, eu e Mauricio Tagliari resolvemos juntar quem está com o seu na reta pra dar impressões: os artistas. Convidamos Rogerman, Luisa Maita, Curumin, Romulo Fróes, Dani Gurgel, Thiago Pethit e Lulina e sentamos no Estúdio A da YB para perguntar: o que vocês querem, o que vocês esperam, o que vocês precisam e o que vocês fazem da carreira de vocês?

Alguns dos melhores momentos, divididos em seis blocos, aqui ou logo abaixo.



Começando a conversa, Romulo explica a tática secreta por trás de lançar um disco duplo e ao mesmo tempo liberar seu download nos blogs por aí: "eu acredito que quanto mais gente tiver meu disco no iPod, mais gente vai ao meu show - e quando a pessoa tiver lá, pode querer comprar o disco". Não dá pra ir contra. Rogerman ainda conta de quando inventou o esquema Radiohead antes do Radiohead e dá toque de humildade aos compositores: pra quem faz música, ela é a coisa mais importante. Pra quem trampa todo dia, tem que pegar aquele ônibus, trem, metrô, música é a quinta, sexta, oitava prioridade na vida.



Dani Gurgel, que anda experimentando nova maneira de financiar um disco, pelo ArtistShare, conta mais sobre como funciona: você pode comprar desde março um disco que vai sair em setembro - ou seja, uma participação na história e na carreira do artista. Ao longo do processo, vai acompanhando a produção e inspirações, esquema reality show.



Thiago Pethit nota: o conceito de criatividade não está mais só na música, mas em como você a coloca no mundo. Curumin admite que é uma loucura correr atrás, todo dia é um lance novo que está acontecendo. Mauricio elogia o case Caetano e pergunta, sem nem falar só de mercado: qual o papel do artista nessa história? Thiago faz o balanço e responde: dá trabalho pensar em tudo, mas a compensação é ser dono absoluto de tudo que acontece na carreira. E Curumin vê o outro lado: em outras épocas talvez nenhum de nós tivesse nem conseguido gravar, quem dirá encontrar seu espaço.



Rogerman conta da chocante experiência João do Morro, em Recife. Romulo nota que esse hype não é referencial praquela galera, mas ao saber da música em que ele cita nominalmente todos os puteiros da cidade, Lulina tem uma luz: a tal brodagem que Miranda defende ser o futuro da música não é só agradar seus amigos, mas dar ao seu público algo especial, pra ele se sentir parte daquilo. Dani concorda: "o mais importante é o cara chegar pro amigo e dizer, 'ouve isso!'".



Você passeia pelos MySpaces da galera e descobre um monte de gente legal. Você vai nos shows por São Paulo e todo dia tem gente boa. Uma hora vai rolar algo, tipo estouro nacional, tipo rolou com o mangue beat. É o que defendem Romulo e Rogerman. Já Luisa Maita concorda que a cena de agora é incrível, muito melhor que cinco anos atrás. Mas ainda está esperando aquele momento em que os trabalhos vão ter uma unidade e falar por muitas pessoas, evoluir mais e mais, descobrir uma linguagem - comunicação é a palavra chave.



Curumin fala das suas impressões e do lado bom de ainda ter uma gravadora hoje em dia: quando você tem o apoio de uma galera você fica mais forte. E pensa em voz alta sobre a relação entre quem aprecia e quem faz: hoje em dia não tem modelo. Ou melhor, existem vários, mas eles não se fixam - cria-se um modelo e logo ele se transforma. E disco novo? A impressão é que não vai haver um próximo disco pra fazer - pelo menos com essa idéia de disco, gravar tantas músicas, passar tanto tempo no estúdio. Talvez o esquema agora seja outro: daqui a pouco posso gravar duas músicas e lançar, depois a cada três meses mais duas, talvez no final juntar tudo em um disco. Será o novo modelo? Fica a dica.

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Ou você é um daqueles idiotas que precisam se sentir bem?



Whatever works to get you through is fine, and not necessarily in relation to relationships. If it’s collecting stamps obsessively, or listening to ball scores, if you’re not encroaching on anyone else, then that’s what you have to do. I think from a philosophic point of view, existence is a nightmare. If you are honest with yourself, it’s a painful thing to go through. You know, the time goes. And then, it stops.

*

Woody Allen, com o otimismo habitual (opa, "realismo"), nessa matéria sobre Whatever Works, seu novo filme - em NY, com Larry David de protagonista, estreando em duas semanas nos States. // No Brasil, em 13 de novembro, com o título "Tudo Pode Dar Certo" matando com requintes de crueldade o sentido original.

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a gente é feito pra dizer que sim



Quem tá ligado já se ligou: Jeneci está a dois passos de conquistar o mundo - ou pelo menos a parte dele com coração. Nos últimos tempos, você pode tê-lo ouvido na novela sem saber (de novo), pode ter entrado no seu MySpace pra ouvir "Longe" no repeat, ou naquele vídeo com "Pra Sonhar" no repeat, ou até tê-lo visto tocando em uma das duas últimas quartas no Studio.

Alguém que estava lá filmou e jogou no YouTube: Jeneci, de camiseta Kiss Roberto, cantando "Feito pra Acabar" (música-título do seu futuro disco) com aquele gosto especial de quem mostra música nova pros amigos, entregando a emoção e dividindo o momento com todo mundo presente. Com suas melodias perfeitas e seu gosto pelos detalhes que fazem cada música um pouco mais legal, Jeneci respeita o silêncio e só o interrompe com coisas bonitas - aqui com Laura, Régis e Bruno Buarque (de sub do Curumin).

Próximo show dele rola em Junho, no Grazie a Dio!, com dj legal garantido.

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you hear they calling me rapaz de bem

Dia desses li na Folha coluna do Ruy Castro, com título Rapaz de Bem, sobre Johnny Alf - que acabou de completar 80 anos ontem. Fiquei pensando no Johnny Alf, Ruy Castro, Folha, Rapaz de Bem, lembrei: escrevi matéria pra mesma Folha um tempo atrás sobre Johnny com mesmo título, aliás com aspas do Ruy Castro. // Títulos óbvios à parte (deve ter havido outras 297 matérias com a mesma chamada antes da minha e do Ruy), Johnny Alf é realmente algo mais, provavelmente o maior jazz singer popular brasileiro. A sofisticação do samba dos anos 40 chegando à década seguinte querendo se modernizar, com sotaques de Sarah Vaughan e Nat King Cole, pra citar dois que ele próprio me contou ouvir muito e emprestar o repertório pra cantar na noite.



Aproveitando o embalo, Rapaz de Bem, matéria que escrevi pra Folha quando Johnny Alf lançou Mais Um Som, primeiro disco de inéditas em 28 anos - e um dos únicos em que é gravado ao piano. Pro texto, ouvi o Johnny, conversei com Ruy Castro e resolvi ligar pro Donato - que mandou um fristáile lindo que fiquei feliz de manter no texto final.

Depois continua que tem outra dessas e um doce pra quem chegar até o final.

Rapaz de bem

Vinte e oito anos. Parece inacreditável, mas é o tempo desde a última vez em que o cantor, pianista e compositor Johnny Alf lançou no Brasil um álbum novo, gravado em estúdio, de músicas inéditas. "Desbunde Total", de 1978, foi o último -desde então, apenas discos ao vivo, regravações com convidados, tributos a outros compositores. Mesmo assim, pouquíssimos, com intervalos enormes entre eles. Muito pouco para um músico do tamanho de Johnny Alf.

A boa notícia é "Mais Um Som", gravado em 2002, lançado no Japão em 2004, recém-desembarcado no Brasil em edição nacional: a aguardada quebra do jejum, com 15 composições inéditas na voz do autor. Amanhã acontece show de lançamento do disco, com o mesmo quinteto que acompanha Alf há década e meia e com quem gravou o álbum.

Realizado pelo produtor japonês Jun Itabashi, o disco surgiu com a proposta de se fazer um CD com músicas novas, sem os hits de sempre da história do compositor, e com sonoridade acústica lembrando álbuns dos anos 60.

O formato é ideal, e o disco já nasce como um dos melhores da discografia de Alf -por ter sido gravado com pequena formação, é perfeito para se ouvir em detalhes seu piano, sua voz, suas composições, a improvisação dos músicos que o acompanham.

Ele fazia antes, diz Ruy Castro
"Cada disco novo de Johnny Alf é um acontecimento na música popular brasileira", observa o escritor e jornalista Ruy Castro, autor dos livros sobre a bossa nova "Chega de Saudade" e "A Onda que se Ergueu no Mar", este último com capítulo dedicado a Alf.

Ruy Castro lembra a importância do músico: "O Johnny Alf, sem dúvida, foi um grande precursor da bossa nova, na década de 50. É um processo que já vinha desde os anos 40, pelo menos -a bossa nova era apenas uma inovação em cima de uma bossa brasileira que já existia, a conclusão de um processo evolutivo. E o Johnny Alf, assim como o João Donato, já era bastante evoluído dentro desse processo todo -ou seja, ele já era uma bossa nova dez anos antes da bossa nova".

O próprio João Donato, também pianista, se lembra da época e do que significava para ele Johnny Alf. "No tempo que a gente era mais moderno, mais garoto, era uma troca de informações entre nós mesmos e quem podia informar as coisas para gente era Johnny Alf. Ele teve papel fundamental no desenvolvimento harmônico da minha música, me ensinava não como uma teoria, mas um estado de espírito. Você sente no resultado prático e oculto da música que ela não tem números, tem apenas um efeito sobre a sua alma. Com um som você consegue ficar alegre ou triste, enraivecido ou amoroso. Se você consegue sentir um som, ele tem uma importância mais que fundamental, é vital. E o que eu aprendi de bom, aprendi com Johnny Alf. Dizem que nosso som era moderno. Continua sendo! Uma vez moderno, sempre moderno. Isso independentemente de uma data cronológica. O som é moderno porque é bonito, sempre foi e sempre será. Não precisa passar por uma época ou outra."

Influência do jazz
Johnny Alf, que continua moderno hoje, se lembra de como nasceu aquele som. "Eu ouvia muito Sarah Vaughan e Nat King Cole, cantava muito o repertório deles na boate. Aí, aprendi a usar o jazz como cobertura na minha música. Eu fazia aquilo que eu tinha adquirido no tempo, com música americana, compositores antigos que já tinham uma harmonia aperfeiçoada, Garoto, Custódio Mesquita, [Dorival] Caymmi. Na época, havia um interesse comum entre eu, Donato, Tom [Jobim] em fazer algo moderno. Mas eu não pensava no que ia fazer, tocava e saía naturalmente."

Tão naturalmente que aquilo se tornou o primeiro ponto definitivo de mudança, o norte de todos os músicos que fariam a revolução alguns anos depois. Desde 1954, Johnny Alf se apresentava na boate do Hotel Plaza, no Rio Janeiro, e parte do público que batia cartão ali para vê-lo era formado por Tom Jobim, João Gilberto, João Donato, Carlos Lyra e Roberto Menescal. No ano seguinte, Alf se mudaria para São Paulo e por aqui ficaria definitivamente, gravando seus primeiros LPs no começo da década seguinte, após alguns influentes 78 rotações.

Sempre cult, continuou lançando discos e fazendo shows, ou pelo menos sendo genial, mesmo com a produção baixa. Agora, hora de comemorar a volta triunfal e não deixar o ritmo cair.




Viagem no tempo pra um pouco antes, ainda não havia Mais Um Som, mas Johnny fazia show e valia pauta. Repara na história do disco que ouvi dele e usei pra concluir o texto.

Johnny Alf retorna ao palco com sua melodia sinuosa

Estilista fundamental da música brasileira, responsável pelas primeiras revoluções que dariam origem à bossa nova, o cantor e pianista Johnny Alf oferece amanhã e sábado chance rara de ser visto e ouvido em pessoa, dentro do projeto Toca Brasil, do Itaú Cultural. Com poucos discos lançados -a maioria deles fora de catálogo- e sem fazer apresentações freqüentes, Alf anda quase esquecido, apesar do status cult que geralmente vem associado a seu nome.

Atualmente com 75 anos, o músico diz que segue produzindo e continua compondo, mas não sabe explicar o motivo de não lançar álbum novo no mercado brasileiro há cinco anos. "A música mudou muito, não sei se o meu estilo agrada às pessoas de hoje", esquiva-se. Uma das maiores razões, sabe-se, é sua personalidade extremamente tímida e introvertida, que o torna reservado e dono do seu próprio ritmo. "Hoje em dia os discos são gravados muito rapidamente, não gosto disso. Prefiro fazer tudo mais devagar, escolher bem o repertório, pensar nos arranjos", explicita.

Músico da noite desde meados dos anos 50, costumava ter em seu público cativo admiradores como Tom Jobim, João Gilberto e Baden Powell. Compositor muito influenciado pelo jazz, lançou seu primeiro compacto de 78 rotações em 1952 e por toda a década criou clássicos de melodia sinuosa e harmonia sofisticada -como "Eu e a Brisa", sua canção mais famosa- que se tornaram referências essenciais para os músicos que depois inventariam a modernidade da bossa nos anos 60.

Reverência
Nascido Alfredo José da Silva no Rio de Janeiro, Johnny Alf em 1955 veio morar em São Paulo, onde vive até hoje. No auge da música popular moderna, quando era reverenciado por toda a geração imediatamente posterior à sua, dividiu seu tempo entre as duas cidades. Como em 1962, quando foi ao Rio regularizar sua carteira de músico profissional e acabou passando temporada de jam sessions com os músicos de samba-jazz do Beco das Garrafas.

"Nós" (EMI, 1974) e "Desbunde Total" (Warner, 1978), produtos da mistura de samba-bossa, funk e experimentações sonoras do Brasil dos anos 70, são os dois únicos registros do Johnny Alf clássico encontráveis nas lojas hoje. Além desses, pode-se esbarrar em algum disco ao vivo dos anos 90, mas nem sinal de seus primeiros álbuns, peças-chave da bossa, ou mesmo discos mais recentes, gravados para os mercados americano e japonês, ainda inéditos.

Faz falta também, há 40 anos, um lendário LP nunca lançado, em que ele interpreta versões de standards da bossa em inglês, coisas como "Little Boat" e "One Note Samba".

A gravação foi feita na primeira metade dos anos 60 na gravadora RCA, atual BMG. "Gosto bastante desse disco, foi muito bom fazer e o resultado saiu ótimo. Não sei por que a gravadora não editou. Talvez eles ainda lancem, não dá pra entender".




No mesmo fôlego, apareceu aqui, nem lembro como, a exata gravação que ele comenta poucas linhas acima. Nunca li ou ouvi qualquer outra referência sobre o tal disco, então foi uma surpresa agradável ouvir - apesar da falta de excepcionalidade. A interpretação e sotaque de Johnny soam ótimos, com sua voz de caramelo à Nat Cole e brincadeiras vocais à Sarah Vaughan; mas a base é bossa nova de caixinha de música esquema linha de produção - justo, muito por conta da baixa fidelidade de gerações de cópias em cassetes ou rolos passadas adiante.

Vale pelo charme torto das versões em inglês de "Rapaz de Bem", "Sky and Sea" e "Excuse Me Mr Chopin" (e das obrigatórias "Desafinado", "Meditação" et cetera), nascidas do mesmo impulso que gerou discos em inglês, pela mesmo época de explosão mundial da bossa, de Carlos Lyra, Astrud Gilberto, Tom Jobim, Marcos Valle.

Doze músicas, Johnny Alf em 1963, em inglês, aqui.

*

(Fotos pelo post? Eugênio Vieira, claro.)

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if I say something I don’t really believe, what am I here for?



I listen to the fact that it’s my byline, and if I say something that I don’t really believe, what am I here for? They used to teach objectivity in journalism school. Today this has shifted rightly to fairness, not objectivity. The writer's tone and perspective has to be included.

*

Nat Hentoff, como quem não quer nada, fala a real desse mito chamado objetividade, daqui.

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ai ai! ui ui! ai!



1.
O Berlin talvez seja o bar mais charmoso da cidade. Aquele papel de parede, balcão, cadeiras de boteco retrô, micro-palco com iluminação de show de strip de beira de estrada - é um dos lugares com maior capacidade de te transportar para outro lugar no momento em que você entra pela porta. Por outro lado, exige uma abstração do ouvido: já é famosa a má qualidade do som. E ainda a distância - o retorno do Baixo Augusta adiou mais o anunciado hype da Barra Funda. Mas, na hora certa, bom de estar lá e saber que é o lugar certo. (Show da Tulipa lá no ano passado, em clima de transe rock-hippie na meia-luz vermelha, foi de uma crueza e intensidade saudáveis, em comparação com lugares como Studio SP.)



2.
A história já era boa desde que o projeto nasceu como uma homenagem aos 80 anos do Gainsbourg lá no bistrô do Scandurra, com a Bárbara Eugênia e a Andrea Merklel mais o Carneiro, Alex Antunes e acho que até o Arnaldo de sobrenome homônimo mas não parente do Alex. // (Cheguei a convidar a banda a tocar no Cedo & Sentado, na época sob minha curadoria; mas acabou não rolando.) // Daí outro dia a Juérre conta por acaso das novas do agora Provocateurs: ela também canta, tem até banda inteira e o repertório não é só Gainsbourg, mas chansons várias. Show marcado, jurei que ia, por algum motivo qualquer não fui.



3.
Na sexta cheguei no Berlin quase duas, torcendo pra pegar algo. Peguei tudo: encontrei Bárbara, Juliana, Felipe e me posicionei pra assistir. Até algumas horas antes, seria um show da Bárbara naquela noite. Mas Dustan, peça fundamental, teve que entrar num avião de última hora e, pra não desmarcar, convocação a quem pudesse vir do Provocateurs. // De formação improvisada, Edgard tocava como se não houvesse amanhã e gritava pra banda quaisquer mudanças inesperadas, Demétrius e Felipe iam inventando grooves e dinâmicas e brincando com o ritmo, Pingüim atacando órgãos e moogs em quaisquer espaços vazios. Exatamente o show que os músicos mais temem e os fãs de música mais gostam: instintivo, inesperado, sem rede de proteção. Juliana, de olhos fixos e mãos firmes no microfone, cantou naif como France Gall e Françoise Hardy encarnadas. Bárbara, leve e nonchalant, cantou Gainsbourg a granel e deixou baixar a Jane Birkin. // Imagine o que foi "Les Cactus", a banda pegando pesado com a base simples e hipnótica e a Bárbara nos uis até falhar a voz. Fiquei pensando nos ensaios, músicos, preparações e me perguntando, coçando a cabeça: fica melhor?

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VitrolaMixtapes: Bárbara Eugênia



Começando muito bem a segunda-feira da primeira semana do resto de nossas vidas, mais uma edição da mixtape de paixões, referências e influências de gente legal, dessa vez com impecável seleção do coração de Bárbara Eugênia. Cantora no Provocateurs e até outro dia também no 3 na Massa, ela tem feito shows incríveis e gravado aos poucos seu primeiro disco, cheio de ótimas canções suas. Puro estilo e elegância, na mixtape Bárbara passeia por Gal Costa e Devendra Banhart, Air e Edith Piaf, Breeders e Henri Salvador, Erasmo Carlos e John Lennon e encontra um universo de interpretações divertidas para músicas criativas, de sensibilidade sem perder o senso de humor, de delicadeza sem frescura - não muito diferente da música dela.




Baixe aqui e/ou comece a ouvir imediatamente com um simples play, logo acima.

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a vontade é um chão gelado sob os pés



Bruno Morais, de voz calma e jeitos sutis, vinha dizendo há tempos que andava fazendo um disco. Botava fé, mas caí pra trás quando ouvi A Vontade Superstar, álbum impecável na sutileza, criatividade e elegância - nas canções, interpretações, arranjos e visual. Com suas melodias e letras cheias de delicadeza, acompanhado de gente como Guizado, Marcelo Jeneci, Ricardo Prado, Gui Kastrup, Régis Damasceno, Bel Bluebell, Mauricio Fleury, Bruno cria mundos e conta histórias pra falar do amor e do fantástico.

Cantando perto do microfone, fez um headphone masterpiece de dar gosto, cheio de pequenos detalhes nas mixagens e vários instrumentos legais, banjo, juno, wurlitzer, clavinete, casiotone, tuba, bombardino, passos, coros e sons de toda sorte. Cruzando referências, com ajuda de alguns amigos gringos e a turma de músicos mais legal de São Paulo dos últimos tempos, Bruno canta umas canções suas lindas, como "Bombeiro Vermelho" e "A Vontade", e reinventa coisas como "Pode Sorrir", do Nelson Cavaquinho.

Tudo cheio de arranjos engenhosos, como em "Planos", as baterias e baixos do XXXChange (do Spank Rock) entregando aos poucos o dub por baixo e as cornetas do Tony Chang (do Fat Freddys Drop) brincando por cima. Ou os beats antisamba (do Vitamin D) que levam a versão ao mesmo tempo desconstruída e respeitosa de um velho samba filosófico do Alvaiade, "O Mundo é Assim". Mais a guitarra fuzz (do Régis) e o clavinete psicodélico (do Jeneci) do infalível tiro-e-queda bom pra tosse plano: "Continuar". E só com coração de gelo pra não arrepiar com "Hoje eu vou te acordar" (parceria com o Romulo, baideuêi).

Disco tranqüilo e seguro, de colocar o tempo no ritmo certo. Produzido pelo próprio Bruno com Gui Kastrup (que produziu também o sensacional disco da Andreia Dias), com encarte e capa com ilustras lindas do Marcelo Cipis e montagem do sempre genial Rodrigo Sommer - de fazer lembrar a graça de ter um CD na mão -, A Vontade Superstar é um álbum para quem sabe escutar, suave e cheio de camadas.

(Aliás, mais um da safra da YB, arrasando - ano passado com Turbo Trio e Curumin, esse ano já com o disco do Romulo na rua, Lulina e Nina Becker por sair.)

Bruno faz show de lançamento quinta, no Sesc Pompéia (onde mais?), e o disco, é só querer.

(foto daqui.)

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é bom desconfiar dos bons elementos



Semana passada a Six Degrees liberou pra venda Cangote, EP com quatro faixas novas da Céu.

Duas ela já vem tocando ao vivo e são exclusivas pro EP: "Sonâmbulo" e "Visgo de Jaca". As outras duas já são amostragem do disco novo, que vem novamente produzido por Beto Villares, com um little help do Lenza e do Gui Amabis. Dessas, temos "Bubuia", Céu acompanhada de Anelis Assumpção e Thalma de Freitas, nada mau. E a própria "Cangote", faixa-título do EP.

Já vão quatro anos desde o lançamento do disco de estréia no Brasil, dois na gringa. Depois de gravidez, participação no 3naMassa, alguns shows com Instituto Racional e o sensa Sonantes, agora em julho Céu volta pros States pra nova turnê. Até lá, disco novo provavelmente na roda, ou pelo menos bem encaminhado. Por enquanto, vai ouvindo - por exemplo, aqui.

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beside me here beneath the blue



This album, in which Thelonious for the first time offered a program entirely made up of standard material, appeared at first to leave some reviewers a bit confused and discomforted--perhaps because they were unable to adjust their stereotypes of Monk as a "mad genius" to conform with the reality of his ability to interpret the works of another composer inventively, lucidly and with respect. Actually, the premise of the LP was simple enough. It derived from a conviction that a good part of the problem of the jazz artist who (as was at that time the case with Monk) is considered excessively "far out" is tied in with the playing of material that is unfamiliar to the 'average' ear. This is not to deny the vast importance of original compositions in jazz creativity. But it can be extremely helpful to know the precise structural and melodic starling point for a musician's improvisations. Communication between performer and audience is, after all, rather important; and to perhaps more listeners than might care to admit it out loud, the initial identification of knowing the tune can turn out to be at least half the battle.



Caravan, em arranjo madgenius, do Thelonious Monk plays the music of Duke Ellington, com Oscar Pettiford e Kenny Clarke, também aqui.

(foto daqui.)

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Major labels should have capitalized on this years ago



"I've always marveled at every new generation of 15-year-old boys who go to the Doors vinyl section and say, 'Wow, an original Doors LP!' " said Marc Weinstein, founder of Amoeba Music, the three-store chain whose Hollywood branch is among the largest independent retail record stores in the U.S. "Major labels should have capitalized on this years ago."

Slowly they are, by pressing a growing list of vinyl catalog reissues and new albums by marquee artists such as U2. Nielsen SoundScan reported 1.88 million sales of new LPs last year, an 89% increase over 2007. And that figure is almost certainly conservative, as many independent retailers do not report their sales to SoundScan; the service says that more than two-thirds of vinyl albums are sold at indie operations.


*

Trecho dessa matéria do LA Times, juntando aspas e números pra dizer: vinil é o esquema.

(Foto do Jovem Guarda, na Moóca, daqui.)

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