RONALDOEVANGELISTA


CONEXÕES na Olido



A cidade de São Paulo, especialmente nas regiões do Centro, Consolação e Augusta, sempre teve vocação para cenário de carreiras brilhantes e encontros e conexões entre artistas e estilos de todos os tipos, desde Eras de Ouro passadas até nesse exato momento, com intensa concentração de criatividade.

Além de servir de casa para artistas como Os Mutantes e da Vanguarda Paulistana, São Paulo funcionou brilhantemente como laboratório de ensaios e realizações para estilos como Jovem Guarda, Tropicália e Samba-Rock quando artistas como Roberto & Erasmo Carlos, Jorge Ben e os baianos Tom Zé, Caetano, Gal, Gil, entre muitos outros, circulavam, moravam, tocavam e criavam na área da cidade onde existiam lugares como os bares de música ao vivo Baiúca, Jogral, Juão Sebastião Bar, Djalma e Stardust - mais os estúdios da TV Record e vários teatros de TV, além de incontáveis restaurantes, clubes, teatros, boates.

Hoje, além das dezenas de bares e clubes e teatros que nascem e renascem pela área, o centro da cidade é ponto de encontro, moradia, criação e execução de idéias, entre artistas de todo o país e interessados nos mais diferentes e complementares estilos e abordagens musicais.

O projeto CONEXÕES, que acontece nas quartas de julho na Galeria Olido, com curadoria e concepção do jornalista Ronaldo Evangelista, promove o reencontro entre todos esses aspectos: dos novos artistas com suas inspirações não tão distantes, do centro de São Paulo com o que de mais criativo se faz na música brasileira, e do público, no centro, com um repertório bem guardado na memória, de artistas que fazem parte de todas nossas vidas, vistos sob a ótica da geração de hoje.

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Todas as quartas-feiras, sempre às 19h e GRATUITO.



Conexões na Olido
01_JULHO Tatá Aeroplano canta ROBERTO & ERASMO CARLOS
08_JULHO Karina Buhr canta RITA LEE
15_JULHO Tulipa Ruiz canta GAL COSTA
22_JULHO Leo Cavalcanti canta CAETANO&GIL

29_JULHO melhores momentos:
Tatá Aeroplano canta ROBERTO & ERASMO CARLOS
Karina Buhr canta RITA LEE
Tulipa Ruiz canta GAL COSTA
Leo Cavalcanti canta CAETANO&GIL

com
A Banda dos Contentes:
Mauricio Fleury (piano elétrico e direção musical);
Pedro Falcão (bateria) &
Demétrius Carvalho (contrabaixo acústico).



Quartas de julho, 19h
Galeria Olido / Vitrine da dança
Avenida São João 473 - CEP 01035-000
fone: 3331-8399 - Centro - São Paulo - SP
Gratuito

(fotos aqui.)

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crise day by day



E a nova obra-prima do Jupiter Maçã, "Rio de Janeiro Glamour Again Blues"? // Novíssima, provavelmente pro próximo disco e já nos shows, com Dustan Gallas, Felipe Maia, Astronauta Pingüim, Thunderbird. No vídeo aí em cima, filmado no começo do mês, ainda vem de bônus versão incrível d'"A Marchinha Psicótica do Dr Soup".

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O espelho e as vontades



Lindo o novíssimo vídeo de "O objeto", do 3 na Massa cantado pela Nina Becker, dirigido pela Caroline Bittencourt (com a Nina e Oscar Segovia). Ao longo de um ano, Carol tirou perto de 3 mil fotos pensando no vídeo, para depois juntar stills em deslumbrantes texturas, cores, papéis de parede, sugestões, sobreposições, sensualidades. // Depois de "Tatuí", "Certeza" e "Enladeirada", mais um pra já sensacional coleção de vídeos tirados de Na Confraria das Sedutoras.

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Hello, crazy people!




Já viu esse documentário de 2003, de 20 minutos, de Leandro Petersen e Claudio Dager, sobre o grande Big Boy? Programador da rádio Mundial AM com seus compactos novíssimos, discotecário dos megabailes de soul (ao lado do Ademir do Le Bateau), locutor alucinado e divertido: disc-jockey é uma figura capital. // Ah, rádio. Lembra quando você era legal?

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chululu



Gal e Donato, azuis e estilosos, sentados ao piano, em 1974, em algum momento entre Quem é Quem e Cantar.

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Manhattan



Detalhes de Nova York em 1954, em xilogravura carvada e pintada em tons de vermelho por Jim Flora.

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ah! melody



Quando Serge Gainsbourg criou sua obra-prima Histoire de Melody Nelson, em 1971, ele queria muito mais que um disco. Além de criar um álbum conceitual sobre a história de um tiozão safado que dirige um Rolls-Royce e pega uma garota de catorze outonos e quinze verões - basicamente, ele e sua mina Jane Birkin -, ele chamou o arranjador Jean-Claude Vannier pra criar o melhor trabalho de sua vida e ainda fez um especial de TV psicodélico, Melody, dirigido por Jean-Christophe Averty e com transposição livre para a tela dos incríveis sons do LP. Gainsbourg e Birkin em e com figuras caleidoscópicas, danças sobre fundos infinitos, camadas de imagens, ângulos de câmera e altos efeitos muito loucos de verão vão acompanhando a história chinfra, pura desculpa para ele criar, compor, cantar e atuar, interpretando brilhantemente o papel de si mesmo.

Como você vê?
Hoje, no pré-Veneno, no telão do Astronete, dez da noite e além.

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Teatro Bandeirantes, 1974

Mil novecentos e sessenta e oito, os programas musicais são o Faustão e Gugu de seu tempo. A TV Record tem o Teatro Record, a Tupi aluga o Cine Ritz, ambos na rua da Consolação. Bombam na audiência programas de auditório, especiais ao vivo, Jovem Guarda, Fino da Bossa. A TV Bandeirantes, inaugurada um ano antes, não quer ficar pra trás e compra o Cine Arlequim, na avenida Brigadeiro Luiz Antônio, para acolher a música popular brasileira. Seis anos depois, 1974, quando naquele lugar o Teatro Bandeirantes é finalmente inaugurado, as coisas já não as mesmas. Os jovens artistas dos programas de TV já são superstars, a sigla-gênero MPB já virou commodity, todas as gravadoras, empresários, teatros, tevês já aprenderam a ganhar dinheiro e capitalizar tatuando os artistas no status quo.

Aí, seguindo de leve o modelo do mega-happening Phono 73, organizado 15 meses antes pela Phonogram (ex-Philips, futura Universal), a Bandeirantes organiza um supershow de inauguração de seu novo teatro, no dia 12 de agosto de 74, com apresentações de Rita Lee, Tim Maia, Elis Regina, Chico Buarque e Maria Bethânia, tudo na seqüência devidamente transformado em especial de TV. Exibido, arquivado e nunca lançado comercialmente - mas pirateado já em VHSs entre interessados, desde muito antes da internet.

Hoje o Teatro Bandeirantes virou igreja evangélica, os artistas ainda vivos viraram uns chatos e todas as redes de TV brasileiras se afogam na própria caretice.

Pelo menos temos o YouTube.



Depois da apresentação de dois minutos, Rita Lee surge toda glam no palco escuro para cantar "Mamãe Natureza" acompanhada do Tutti-Frutti e, entre solos de guitarra, até toca um clavinete.



Ainda na frente do clavinete, Rita saca uma flauta e manda ver num solo, antes de dar o boa-noite e voltar a atacar as teclas e o microfone em "Pé de meia". (Outra do maravilhoso "Atrás do Porto Tem uma Cidade", primeiro disco seu com o Tutti-Frutti, do mesmo ano do show.)



Os riffs marcados, o clavinete nervoso, os solos intensos, o visu estáile: é Rita cantando "De pés no chão" toda ruiva no cabelo e na boca. Ela nem curtia Bowie, diz aí.



Saem os riffs, entram os grooves; sai Rita, entra Tim. Acompanhado da Seroma Band, esbanjando estilo no seu terno preto e camisa rosa de cetim, Tim Maia inventa o funk brasileiro e canta "Réu confesso", vai emendando improvs em inglês e já tira da cartola "Primavera". Sem perder o fôlego, ainda manda um "Azul da cor do mar".



Só se for agora. Tim, em seu melhor momento, apresenta a banda, dividida em quatro partes (teclados, cordas, ritmo e sopro), antes de transarem uma música inédita sobre um livro que ele anda lendo, chamado "Universo em Desencanto". É "Que beleza", já obra-prima, cinco meses antes de ser lançada no primeiro Tim Maia Racional. Pra completar o momento, ainda vem um "Gostava tanto de você". Muito obrigado, estamos aí.



Sentindo cada palavra de cada frase de cada música, como lhe era habitual, Elis Regina sobe ao palco acompanhada do quinteto do genial pianista Cesar Camargo Mariano (com quem se casou no mesmo 1974), e canta "Conversando no bar". Ao mesmo tempo, vai inventando o comportamento e o gosto de toda uma geração (e mais) de artistas e mulheres brasileiras.



Como para Elis emoção pouca é bobagem, ela já emenda "Travessia" com tudo que tem no peito e na voz, acompanhada de Cesar Mariano, seu piano elétrico, seu bigode e arranjo épico. Depois de aplausos e mais aplausos, muito justo, ainda leva o sambinha "Feiticeiro Negro".



Em ritmo de dança, coração batendo mais que bongô, Elis canta "Dois pra lá, dois pra cá", com trechinho do bolero "La puerta" no final. E manda na seqüência um Tom Jobim, "Triste", compositor que até outro dia ela rejeitava grandemente - mas com quem neste 1974 dividiu disco histórico.



Sem deixar cair, outro Tom Jobim: "Só tinha de ser com você", com timbre lindo de piano elétrico e Elis com sua famosa voz-de-sorriso. E pra quem ainda não chorou ou morreu de emoção na platéia, Elis dá outra chance e oferece "Pois é", de Tom com Chico Buarque - que no final chega de mansinho e canta lindamente, observado por ela.



Agora dominando o palco com seus amigos do MPB4 em momento cheio de arranjos elétricos incríveis, Chico já sai assobiando contra a ditadura, antes de mandar "Cotidiano" e "Baioque", thank you. Clave, piano elétrico, violão, microfonia e o estamos seguindo em "Você vai me seguir".



Hoje com a função extra de ativar a memória de todo mundo que tanto ouviu a gravação ao vivo de "Jorge Maravilha", Chico canta a canção pra todas as filhas e ainda conta marotamente a história tão-verdadeira-que-é-falsa do compositor Julinho da Adelaide e sua vida no morro da Rocinha, com sua companheira Jurema. Pro arremate, manda a sempre linda "Tatuagem".



Todo setenta de calça marrom e jaqueta jeans, Chico convida as donzelas para um pecado safado debaixo do cobertor, em "Não existe pecado ao sul do Equador". No fundo um sentimental, ele ameaça um "Cala a boca, Bárbara", mas vai mesmo é de "Tira as mãos de mim". Ou melhor, Maria Bethânia vai, surgindo no palco de surpresa e intensamente, pra cantar com voz de trovão sentimental.

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VitrolaMixtapes: Romulo Fróes



Segunda-feira de sol com frio, de uma semana mais curta, dia perfeito para uma mixtape dos sambas mais tristes do mundo, escolhidos para nós a dedo e coração por Romulo Fróes.

A coleta seletiva abre com duas de Monsueto: a primeira cantada por Caetano Veloso, a segunda por Alaíde Costa com vocalises de Milton Nascimento. Na seqüência, Paulinho da Viola, Batatinha e Zé Keti cantam obras-primas suas, enquanto Jamelão canta Lupicínio Rodrigues com a Orquestra Tabajara e Gilberto Gil canta Batatinha com seu violão. Versões ao vivo de algumas das mais bonitas de Nelson Cavaquinho, Cartola e Dorival Caymmi fecham a seleção de tocar os mais insensíveis dos corações.

No ano em que lança (pela YB) No Chão sem o Chão, seu disco pulo-do-gato, cheio de guitarras e dinâmicas e inovações e músicas fortes, Romulo faz seleção que revela as estruturas de suas canções: as melodias melancólicas e letras sentidas dos sambas tristes, de uma tradição que vem do começo do século passado e se mantém como marca maior de nossa música até hoje. Prontinha para ser assimilada e subvertida, como faz tão bem, por exemplo, Romulo.



Só dar o play aí em cima e sair ouvindo e se emocionando.

Ou baixe a mixtape aqui e ache No Chão Sem o Chão por aqui.

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hoje eu não tô a fim de corre corre, confusão

eu quero passar a tarde estourando plástico bolha



mas você reagiu mal
por que você não esperava
mas eu te esperei
e a gente se desesperou

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quero inventar um você para mim



Tulipa Ruiz faz parecer fácil cantar bem como ela canta, compor com criatividade e sensibilidade como ela compõe, ser legal e ter bom gosto como ela é e tem. Dona do agudo mais charmoso de São Paulo, cantando com naturalidade e exatidão suas músicas de deixar o coração leve, ela anda espalhando canções e vozes com calma, em discos de amigos e shows como o que ela faz hoje, no Prata da Casa, no Sesc Pompéia, com Duani, Márcio Arantes, Gustavo Ruiz, Dudu Tsuda e Chagas. É aparecer pra ver tudo que a música brasileira é - e ainda pode ser - em 2009.

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de tanto não parar a gente chegou lá



Sabe quando o mundo é tão bonito que a vida parece que não cabe dentro do peito? Sabe aquele frio no estômago quando você percebe pela primeira vez que está apaixonado? Sabe aquele brilho nos olhos que nasce de descobrir que todo dia e toda hora existe alguma coisa pra fazer tudo valer a pena? Sabe aquela tristeza tão intensa que se torna algo lindo dentro de você? São as matérias-primas de Marcelo Jeneci, hoje na capa da Ilus e à noite no palco do Grazie a Dio!. // As mesmas notas e palavras que todos conhecem soam um pouco mais bonitas nas teclas e cordas sob os dedos do Jeneci, cantadas por ele com Laura Lavieri e tocadas pela incrível banda formada por Curumin, Régis Damasceno, Gustavo Ruiz. Não adianta fugir: Jeneci tem a mira certeira e está com as canções apontadas direto pro seu íntimo.

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