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talvez quem sabe o inesperado faça uma surpresa



Morreu ontem Johnny Alf, o mais low profile dos compositores e cantores brasileiros. Não foi uma surpresa, exceto para quem não o conhecia. Há alguns anos enfraquecido por um câncer na próstata - boa parte deles passados em longas internações -, vinha fazendo shows esporádicos e sempre tratados como Grande Volta, no fundo algo morbidamente subentendidos como Pode Ser o Último, até que foi.

O que você vai cansar de ler é que Johnny Alf era precursor da bossa nova, assim, nestas mesmas palavras. Mas isso é diminuí-lo, como entendê-lo como menor que a bossa nova, um passo antes. Johnny era maior que sua época e maior que movimentos musicais oportunos. Cantor da noite, pianista elegante de linguagem própria, compositor com estilo plenamente pessoal, usava a voz como ninguém no Brasil. Moderno nas letras, nas inflexões da voz, nas melodias, nas ousadias de composição, no piano tão pouco gravado. Mais que moderno, o som de Johnny sempre foi perene.

Sobre Johnny, certa vez João Donato me disse: "o que aprendi de bom, aprendi com ele". E não falava só de música: "Johnny me ensinava não como uma teoria, mas um estado de espírito". Sempre tranqüilo, pelos momentos bons ou nem tanto, Johnny Alf era a suprema humildade. Já Alfredo José da Silva, sua identidade secreta, era o extremo da timidez. Numa realidade paralela, talvez a nossa, os hits de Johnny dominaram: "Eu e a brisa", "Ilusão à tôa", "O que é amar", "Fim de semana em Eldorado", "Céu e mar", "Seu Chopin, desculpe". Pode ouvir e soar tão atual e pra frente e quase estranho de tão particular quanto na época. Johnny se vai e sua memória continua brilhando especial, para poucos ou muitos.

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