pedestre
1 Comments Published by Ronaldo Evangelista on quarta-feira, 23 de março de 2011 at 4:21 PM.
No dia em que publiquei, dois amigos me acusaram de obscurantismo deliberado. Era apenas um comentário sincero sobre a bidimensionalidade eloquente de Bruno Mars, encomenda da Ilustrada (publicado aqui), crítica de lançamento pop. Mas, pôxa, reli hoje e achei que exprimia bastante do que posso ter a dizer sobre a música de Mars e sua simbologia no universo do nosso zeitgeist. Talvez a pergunta seja, afinal, para quê serve uma crítica musical - ou a Crítica de Arte? Bula é para a Academia e olhe lá. Se não for para coletar impressões, captar o momento e comentar a vida, não sei de mais nada.
(foto daqui)
De “você sabe que eu faria tudo por você” a "quero você de volta, você é tudo que tenho", da primeira à última faixa de Doo-Wops & Hooligans, álbum de estréia do produtor, compositor e cantor de 25 anos Bruno Mars, passam meia dúzia de metáforas e abordagens para o amor e a vida boa de popstar na Califórnia - das violentamente cafonas às idealizadamente românticas -, mas a essência é radicalmente a mesma: dizer o que você quer ouvir.
Afinal, para que serve a canção perfeita no sol do verão? Te inspirar a sair e fazer algo com sua vida? Aspirar à não-racionalização da familiaridade em nossos ouvidos? Trilha de dirigir, de passear, de gastar tempo? Se soa pedestre demais é apenas para máxima efetividade.
Música pop é encanto, e o fato dos elementos que fazem você se apaixonar (ou desapaixonar) por uma música serem subjetivos, inexplicáveis e idiossincráticos, não significa que não possam ser desenvolvidos em laboratório e reproduzidos em grande escala.
Bruno Mars sabe fazer a canção perfeita. Sabe quanto tempo ela deve durar, quão rápido deve chegar o refrão, os timbres mais em voga entre os jovens, a hora de subir o tom de voz e fazer o melhor uso de seu agudo especial. Modelo pré-fabricado da coleção de Hits do Verão, desenhado pra te pegar e, bem, por que não pegaria?
As inabaláveis pílulas genéricas de pop pós-ironia do disco de Mars tem uma ambição máxima e destino claro: tornarem-se hits. Quase como um reality show, que tem a notoriedade como um fim em si, e mais do que quase como um jingle publicitário, que visa a máxima comunicabilidade, a adequação à marca e o desaparecer no background. R&B sanitizado, naturalidade sintetizada, açucarismo à Coldplay e Justins Timberlake e Bieber. Música pop feita para ser música pop.
Como tal, é feita para onomatopaicamente explodir (estourar é outro termo comum), e inevitavelmente plantar o fim em seu começo, começar a morrer no exato momento em que nasce, datar-se enquanto marca o momento. Bruno Mars está pronto pra consumo, e é mais barato se entregar que torná-lo mártir do prazer culpado.
(foto daqui)
De “você sabe que eu faria tudo por você” a "quero você de volta, você é tudo que tenho", da primeira à última faixa de Doo-Wops & Hooligans, álbum de estréia do produtor, compositor e cantor de 25 anos Bruno Mars, passam meia dúzia de metáforas e abordagens para o amor e a vida boa de popstar na Califórnia - das violentamente cafonas às idealizadamente românticas -, mas a essência é radicalmente a mesma: dizer o que você quer ouvir.
Afinal, para que serve a canção perfeita no sol do verão? Te inspirar a sair e fazer algo com sua vida? Aspirar à não-racionalização da familiaridade em nossos ouvidos? Trilha de dirigir, de passear, de gastar tempo? Se soa pedestre demais é apenas para máxima efetividade.
Música pop é encanto, e o fato dos elementos que fazem você se apaixonar (ou desapaixonar) por uma música serem subjetivos, inexplicáveis e idiossincráticos, não significa que não possam ser desenvolvidos em laboratório e reproduzidos em grande escala.
Bruno Mars sabe fazer a canção perfeita. Sabe quanto tempo ela deve durar, quão rápido deve chegar o refrão, os timbres mais em voga entre os jovens, a hora de subir o tom de voz e fazer o melhor uso de seu agudo especial. Modelo pré-fabricado da coleção de Hits do Verão, desenhado pra te pegar e, bem, por que não pegaria?
As inabaláveis pílulas genéricas de pop pós-ironia do disco de Mars tem uma ambição máxima e destino claro: tornarem-se hits. Quase como um reality show, que tem a notoriedade como um fim em si, e mais do que quase como um jingle publicitário, que visa a máxima comunicabilidade, a adequação à marca e o desaparecer no background. R&B sanitizado, naturalidade sintetizada, açucarismo à Coldplay e Justins Timberlake e Bieber. Música pop feita para ser música pop.
Como tal, é feita para onomatopaicamente explodir (estourar é outro termo comum), e inevitavelmente plantar o fim em seu começo, começar a morrer no exato momento em que nasce, datar-se enquanto marca o momento. Bruno Mars está pronto pra consumo, e é mais barato se entregar que torná-lo mártir do prazer culpado.
Marcadores: Bruno Mars, Evangelista Jornalista, FSP
entrei aqui só pra elogiar o comentário acima. gênio.