sina viageira
0 Comments Published by Ronaldo Evangelista on quarta-feira, 15 de setembro de 2010 at 10:38 AM.
Exceção citada no título do clássico disco "Onze Sambas e Uma Capoeira", a "Capoeira do Arnaldo" é obra-prima entre obras-primas de Paulo Vanzolini, zoólogo, sambista, paulista. Talvez o que mais seduza no sambas (e capoeira) bem construídos, diretos e bem-humorados, sensíveis e espertos, afirmativos mas doces de Vanzolini seja a mesma concentração, detalhismo, paixão e dedicação que pressupõe-se necessitar para estudar a biologia de répteis. Perfeita é a construção, melodia, cadência, o humor, as rimas e epifanias da história em primeira pessoa de Arnaldo, cantada por Luiz Carlos Paraná, exceção do título do clássico disco etc.
Quando eu vim da minha terra passei na enchente nadando
Passei frio, passei fome, passei dez dias chorando
Por saber que de tua vida pra sempre estava passando
Nos passo desse calvário tinha ninguém me ajudando
Tava como um passarinho perdido fora do bando
Vamo-nos embora ê ê, vamo-nos embora, camará
Presse mundo afora ê ê, presse mundo afora, camará
Quando eu vim da minha terra, veja o que eu deixei pra trás
Cinco noivas sem marido, sete crianças sem pai
Doze santos sem milagre, quinze suspiros sem ai
Trinta marido contente me perguntando, "já vai?"
E o padre dizendo às beata, "milagre custa, mas sai"
Vamo-nos embora ê ê, vamo-nos embora, camará
Presse mundo afora ê ê, presse mundo afora, camará
Quando eu vim da minha terra num sabia o que é sobrosso
Sabença de burro velho, coragem de tigre moço
Oração de fechar corpo pendurada no pescoço
Rifle do papo-amarelo, peixeira cabo de osso
Medalha de Padre Ciço e rosário de caroço
Pra me alisar pêlo fino e arrepiar pêlo grosso
Que eu saí da minha terra sem cisma, susto ou sobrosso
Vamo-nos embora ê ê, vamo-nos embora, camará
Presse mundo afora ê ê, presse mundo afora, camará
Quando eu vim da minha terra, vim fazendo tropelia
Nos lugar onde eu passava estrada ficava vazia
Quem vinha vindo, voltava, quem ia indo, não ia
Quem tinha negócio urgente deixava pro outro dia
Padre largava da missa, onça largava da cria
E os pai de moça donzela mudava de freguesia
Mas tinha que fazer força porque as moça num queria
Vamo-nos embora ê ê, vamo-nos embora, camará
Presse mundo afora ê ê, presse mundo afora, camará
Eu saí da minha terra por ter sina viageira
Cum dois meses de viagem eu vivi uma vida inteira
Saí bravo, cheguei manso, macho da mesma maneira
Estrada foi boa mestra, me deu lição verdadeira
Coragem num tá no grito e nem riqueza na algibeira
E os pecado de domingo quem paga é segunda-feira
Vamo-nos embora ê ê, vamo-nos embora, camará
Presse mundo afora ê ê, presse mundo afora, camará
Quando eu vim da minha terra passei na enchente nadando
Passei frio, passei fome, passei dez dias chorando
Por saber que de tua vida pra sempre estava passando
Nos passo desse calvário tinha ninguém me ajudando
Tava como um passarinho perdido fora do bando
Vamo-nos embora ê ê, vamo-nos embora, camará
Presse mundo afora ê ê, presse mundo afora, camará
Quando eu vim da minha terra, veja o que eu deixei pra trás
Cinco noivas sem marido, sete crianças sem pai
Doze santos sem milagre, quinze suspiros sem ai
Trinta marido contente me perguntando, "já vai?"
E o padre dizendo às beata, "milagre custa, mas sai"
Vamo-nos embora ê ê, vamo-nos embora, camará
Presse mundo afora ê ê, presse mundo afora, camará
Quando eu vim da minha terra num sabia o que é sobrosso
Sabença de burro velho, coragem de tigre moço
Oração de fechar corpo pendurada no pescoço
Rifle do papo-amarelo, peixeira cabo de osso
Medalha de Padre Ciço e rosário de caroço
Pra me alisar pêlo fino e arrepiar pêlo grosso
Que eu saí da minha terra sem cisma, susto ou sobrosso
Vamo-nos embora ê ê, vamo-nos embora, camará
Presse mundo afora ê ê, presse mundo afora, camará
Quando eu vim da minha terra, vim fazendo tropelia
Nos lugar onde eu passava estrada ficava vazia
Quem vinha vindo, voltava, quem ia indo, não ia
Quem tinha negócio urgente deixava pro outro dia
Padre largava da missa, onça largava da cria
E os pai de moça donzela mudava de freguesia
Mas tinha que fazer força porque as moça num queria
Vamo-nos embora ê ê, vamo-nos embora, camará
Presse mundo afora ê ê, presse mundo afora, camará
Eu saí da minha terra por ter sina viageira
Cum dois meses de viagem eu vivi uma vida inteira
Saí bravo, cheguei manso, macho da mesma maneira
Estrada foi boa mestra, me deu lição verdadeira
Coragem num tá no grito e nem riqueza na algibeira
E os pecado de domingo quem paga é segunda-feira
Vamo-nos embora ê ê, vamo-nos embora, camará
Presse mundo afora ê ê, presse mundo afora, camará
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