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Filhos de Fela

Escrevi na Folha essa semana sobre os novos discos de dois Anikulapo Kutis: primogênito Femi e caçula Seun, ambos com novos discos. Fela vive.




Filhos de Fela mantem vivo espírito do afrobeat em novos discos

O afrobeat nunca foi tão relevante no mundo. O estilo musical criado pelo músico e ativista nigeriano Fela Kuti há 40 anos chega em 2011 em pleno movimento e inspirando homenagens em todos os formatos pelo mundo - do ambicioso e bem-sucedido musical Fela! a incontáveis festas, compilações, estilos, cenas, bandas.

Não à toa, quase simultaneamente estão lançando novos álbuns dois filhos e seguidores de Fela: o mais velho, Femi Kuti, 48 anos, e o mais novo, Seun Kuti, 27. Ambos vieram ao Brasil nos últimos tempos - embora, curiosamente, nenhum dos dois para se apresentar em São Paulo: Seun tocou (e gravou) no Rio em agosto do ano passado e Femi em Santo André em dezembro.

Os dois artistas nutrem profunda ligação musical com Fela, falecido em 1997. Ainda crianças começaram a se apresentar com o pai, e Seun até hoje grava e toca com a Egypt 80.

Na fundação essencial da música que fazem, estão presentes todos os elementos-base do som que aprenderam de berço com Fela: os riffs de órgão e guitarra, a bateria juntando polirritmia africana com pegada funk, os instrumentos se entrelaçando no contratempo, o ataque de sopros, os solos sobre harmonias jazzísticas, os vocais conclamando a participação do coro, a intensa crítica política e social.

Às suas diferentes maneiras, buscam a renovação e atualização do afrobeat como gênero e possibilidade. Femi, multiinstrumentista, intensifica a agressividade ultramusical e experimenta em timbres e desenvolvimentos melódicos para cantar explicitamente os inimigos e problemas no álbum “Africa For Africa”.

Já Seun carrega o vigor da juventude e joga a ousadia na busca de processos de gravação e produção, criando canções mais dinâmicas e de arestas mais polidas, ainda que com não menor poder político. A seu favor, além da excelente banda do pai, teve o produtor Brian Eno, que tratou as faixas do disco “From Africa with Fury: Rise”, aliás gravado no Brasil, durante a visita de Seun ao Rio de Janeiro no ano passado.

O rei está morto, vivam os reis.

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