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Suíte do Náufrago

Sexta, ontem, saiu na Folha crítica minha do À Deriva novo, quase assim:



O jazz está livre. Um século após sua cristalização como formato e tantas revoluções depois, a idéia de músicos que se fazem comunicar pelo improviso pode trazer uma miríade de significados: de expressão coletiva sobre um tema à implosão de formas; de espaço para musicalidades radicais à busca de sensações e emoções além de definições verbais.

Não coincidentemente evocando a imagem sem fim do mar, o quarteto À Deriva, lançando seu terceiro disco, “Suíte do Náufrago”, existe propondo interessantes possibilidades de criação coletiva e livre dentro de um idioma próprio, que surge espontaneamente da soma de ideias.

A partir de uma composição do saxofonista Beto Sporleder em sete movimentos, de pouca notação musical e muito espaço para criação espontânea, os quatro músicos - Sporleder mais Guilherme Marques na bateria, Rui Barossi no contrabaixo, Daniel Muller no piano e escaleta - caçam os sons como o coelho de Alice, subvertem convenções, desafiam dinâmicas, esticam o espaço de existência da música, vão ao limite das composições para encontrar seu centro.

Se fazer música é fotografar o som, captando um momento único de criação, a beleza dessa música improvisada que convencionamos chamar jazz é captar o eterno momento de combustão, viver em um momento constantemente transitório, construir sua base sobre estruturas que só fazem se reinventar.

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