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Marcos Valle – The Lost Sessions (1966)



O terceiro disco de Marcos Valle, gravado em 1966 e jamais lançado, chega a 2011.

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cordiais saudações



§Ligue o rádio, ponha discos, veja a paisagem, sinta o drama: você pode chamar isso tudo como bem quiser. Há muitos nomes à disposição de quem queira dar nomes ao fogo, no meio do redemoinho, entre os becos da tristíssima cidade, nos sons de um apartamento apertado no meio de apartamentos.

Você pode sofrer, mas não pode deixar de prestar atenção. Enquando eu estiver atento, nada me acontecerá. Enquanto batiza a fogueira - tempo de espera? Pode ser - o mundo de sempre gira e o fogo rende. O pior é esperar apenas. O lado de fora é frio. O lado de fora é fogo, igual ao lado de dentro. Estar bem vivo no meio das coisas é passar por referência, continuar passando. Isso aí eu li uma vez no Pasquim.


§Isso aí eu li uma vez na coluna do Torquato Neto, Geléia Geral, publicada no jornal Última Hora, 1971.

§A imagem, recorte da mais famosa coluna de Torquato, para abençoar a estreia.

§O blog Vitrola foi criado em junho de 2001, com a simples premissa de observar ao redor pelas coisas mais legais e menos óbvias, compêndio de tudo de interessante, desde sempre com o olhar no especial. Dez anos depois, a nova casa das investigações artísticas, base de operações de textos e ideias, é no UOL:

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Quando o gato dorme, o rato morde o rabo dele. Quando o problema dorme, alguém vai acordá-lo. A melhor música de Fela Kuti? Duas versões, dica de Carlos Moore.

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Esta Vida Puta

Em uma manhã e tarde especialmente inspiradoras semana passada fui à Casa das Áfricas conversar com Carlos Moore, biógrafo de Fela Kuti e figura impressionante e com história maravilhosa por si só. A bio do Fela sai no fim do mês e matéria sobre isso saiu hoje na Folha Ilustrada. A clicar ou seguir lendo.



Carlos Moore, cientista político e etnólogo de 69 anos, chegou a primeira vez à Nigéria quando era um jovem jornalista cubano exilado na França, em 1974. Foi a convite do governo, para trabalhar no Festival Mundial das Artes Negras, mas na sua primeira semana de África foi seduzido por uma força revolucionária que mudou tudo: a música de Fela Kuti.

Sua relação com o compositor e ativista rendeu atritos com o governo nigeriano e culminou com sua expulsão do país depois de alguns meses. Mas a amizade com Fela que nasceu ali se fortaleceu ao longo dos anos e permitiu afinal que Moore conseguisse concentrar a história e as ideias do intenso músico em um livro.

A biografia Fela - Esta Vida Puta foi lançada originalmente em francês em 1982 e pouco depois ganhou versão inglesa. Este mês, é lançada pela primeira vez em português, com prefácio de Gilberto Gil, pela editora mineira Nandyala.

Em São Paulo, o lançamento acontece no dia 25 de junho, na Matilha Cultural (Rua Rêgo Freitas, 542 - centro), em evento com show em homenagem a Fela pela banda Bixiga 70 e a presença de Moore, que vive em Salvador há dez anos.




Desde o fim do ano passado, Moore está processando a produção do musical Fela! por incorporar elementos-chave de seu livro, além de diálogos e situações. Com investimento do rapper Jay-Z e passagens bem sucedidas pela Broadway, em Londres e na própria Nigéria, já se fala em adaptação do musical para o cinema.

Moore reivindica crédito à sua biografia, já que o processo, de tão íntimo, é autoral em diversos aspectos. “Ele me autorizou a escrever na primeira pessoa”, lembra Moore, em entrevista na Casa das Áfricas, em São Paulo.

“Eu não podia escrever ‘Fela disse’, ‘Fela nasceu em tal lugar’. Eu disse a ele: ‘eu te conheço bem, acho que posso falar como tu, integrar suas palavras e contar essa história’.” Daí que nomes, entidades, situações, palavras são de Moore sobre Fela.

“Nossa relação era política e de irmãos”, explica. “Era muito forte, havia realmente um amor muito grande. Especialmente porque ele estava sempre ameaçado, eu tinha esse temor que matassem ele.”

“Comecei a falar pra ele desde o início, ‘você tem que colocar as coisas que está dizendo em um livro!’ Mas ele dizia que isso estava errado. Dizia: ‘Isso está nas minhas canções, está indo da minha boca pra orelha do povo, e o povo está entendendo.’ Dizia que livro é coisa de branco, que nossa cultura africana é oral.”

Foi apenas depois de alguns anos, quando Fela andava em uma fase especialmente dura, após a morte de sua mãe e contemplando o suicídio, que um dia ligou lhe mandando vir “imediatamente”, e pronto para escrever.

Durante semanas, Moore ouviu Fela se abrindo completamente, jogando tudo que pensava, visões políticas, confissões pessoais, idiossincrasias e insights. Furacão de pensamentos, ideias assustadoramente brilhantes ou equívocas, fluxo de consciência rico, livro no ritmo de um artista que não parava de criar e impunha como ninguém sua música e visão política.




Fela Kuti dizia que estava criando “música clássica africana”. Mas seria impossível ter previsto a influência que teria, 14 anos depois de sua morte e 40 de seu auge artístico, sobre uma geração mundial de músicos sintonizados com suas ideias.

O afrobeat, como Fela chamava sua fusão de vertentes da música negra, cruzando tradições africanas com dinâmicas de funk e jazz, é destino ou ponto de partida de incontáveis formações pelo planeta hoje.

Em São Paulo, sob diferentes níveis de influência, interessantes bandas como Sambanzo, Afro Electro e Uafro se apresentam por bares e clubes. Uma das mais recentes formações, Bixiga 70, toca no lançamento da biografia Fela - Esta Vida Puta, e no dia 28 de junho no Sesc Pompeia.

Com sotaque próprio sobre as criações iniciais de Fela, a banda junta dez músicos de São Paulo que também se espalham por projetos como Rockers Control, Otis Trio, ProjetoNave, Coisa Fina - o disco de estreia deve sair no segundo semestre.

“No século XX Fela é o único artista que pode dizer que criou um gênero musical”, observa o biógrafo Carlos Moore. “E hoje grupos diferentes pelo mundo estão experimentando dentro desse gênero, criando algo novo. Da Itália ao Japão, é uma música que está fertilizando a criatividade e se juntando a outras culturas, é uma coisa extraordinária.”

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