RONALDOEVANGELISTA


Morre o burro, fica o homem


Tenho comentado pouco, mas visto muitas coisas interessantes nesses meses de curadoria do Cedo e Sentado, no Studio SP. Sempre me perguntam qual foi a última melhor banda do mundo que vi e sempre lembro de tanta coisa legal que acabo não recomendando nada. Mas hoje lembrei de uma que merece todas as maiores medalhas de honra ao mérito: Burro Morto. Quinteto muito responsa de João Pessoa que parte de referências de psicodelia, afrobeat e funk e chega num lance muito próprio.

Tem uma naturalidade rítmica tipicamente nordestina que me faz pensar em Moacir Santos, um impacto sonoro e um equilíbrio entre vintage e contemporâneo que me remete a Antibalas, uma certa qualidade de cidadã-do-mundo que me lembrou o Cymande e uma vibe de hippiesmo urbano que me fez pensar na psicodelia californiana do Santana. Negócio sério:

Rolou um show dos caras no Cedo e Sentado no começo de julho e eles tocaram em mais uns lugares legais aqui em São Paulo, mas ninguém ainda tinha sacado a força do negócio. Agora, parece que voltam para um show no Sesc Pompéia no começo de agosto e depois mais alguns shows pela noite em novembro. Os caras tão terminando de gravar o primeiro disco, mas já tão com um promo de quatro faixas na mão - as mesmas quatro faixas que você ouve no MySpace deles.

*

A propósito, já notou a tendência das bandas instrumentais com nome de bicho? Burro Morto, Macaco Bong, Malditas Ovelhas!, Bodes e Elefantes...

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Transamba


Já ouviu direito as novas do Caetano? Pode baixar todas aqui, com áudio bem decente, tirado dos shows Obra em Progresso. De nada.

Antes que você pergunte, as músicas são ótimas e os arranjos melhores ainda. Que me desculpem os orgulhosos de seu próprio preconceito, mas o Caetano é foda - e a safra anos 00 dele tá bem acima da média de qualquer outro músico pop sexagenário. Caetano nem passava por uma fase especialmente ruim (como passam há tanto tempo tantos de seus contemporâneos), mas o foi realmente uma pedra-de-toque não só na sua carreira mas na música brasileira feita por jovens e nem tão jovens.

A julgar pelos primeiros esboços que surgem para o próximo álbum, as composições continuam seguindo o mesmo espírito de rejuvenescimento de idéias e temas e abordagens e a sonoridade da recém-batizada Banda Cê continua transbordando de idéias que deixam cada música melhor. Vale lembrar: Banda Cê é formada por Pedro Sá mais Marcelo Callado e Ricardo Dias Gomes - todos inseridos no melhor do melhor da cena Pop Rio: o primeiro até outro dia membro efetivado do +2 e os dois últimos metade do Do Amor.

As músicas:

01 Sem cais
02 Por quem?
03 Falso Leblon
04 Perdeu
05 Tarado ni você
06 A cor amarela (com Davi Moraes)
07 Base de Guantánamo
08 Amor mais que discreto
09 Incompatibilidade de gênios
10 You don't know me (com Karina Zeviani)

Aqui.

São sete inéditas, mais "Amor mais que discreto" (lançada no Cê ao vivo), uma versão de João Bosco e "You don't know me", do Transa. Tudo tirado daqui e daqui.

"Sem cais" é parceria com Pedro Sá, levada por uma guitarra sensa. "Por quem?" é bonita e em falsete, a "Não me arrependo" 2.0. "Falso Leblon" tem toda a sonoridade da Banda Cê, mas já cai um pouquinho mais pro samba. A letra é meio tiozão Sukita - mas divertida também por isso. "Perdeu" tem ritmo quebrado, Rhodes e paradinha, das melhores. "Tarado ni você", título nonsense e tudo, é ótima e tem Pedro Sá pagando de guitar hero em solo distorcido. "A cor amarela" é Caetano brincando com o axé como se fosse membro do Do Amor. "Base de Guantánamo" é "Fora da Ordem" 2.0 com backing vocais meio Ween. "Amor mais que discreto" passa longe da beleza da sua inspiração, "Ilusão à tôa", mas cria curiosa conexão entre a homossexualidade quase-nunca-comentada de Johnny Alf e a tão falada suposta bissexualidade de Caetano. "Incompatibilidade de gênios" é o Caetano buscando idéias no João Bosco (& Aldir Blanc) dos anos 70, colocando-as na roda e observando as faíscas que surgem. A banda segue em arranjo tenso, pouco melódico, mas interessante. E "You don't know me" é das obras-primas de Caetano, recuperado do Transa e com o trio que hoje acompanha Caetano provando que são as pessoas certas no lugar certo na hora certa.

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Pedi pra sair


Essa semana foi ao ar a primeira edição do podcast Qualquer Coisa já sem a minha participação. Adoro meus colegas, me diverti enquanto estava lá, amo trabalhar com rádio e portanto podcast e conheci e troquei idéia com gente legal por causa do programa, mas tudo tem seu tempo. Alguns acham que isso é sintoma explícito da minha crescente insanidade, já que o podcast vai cada vez melhor em audiência e visibilidade, mas eu estava sentindo falta das tardes de sábado - que é quando o PQC é gravado. E, convenhamos, era meio peixe fora d'água ali. Já tem gente dizendo que é tudo campanha de marketing, adorei essa idéia. Se um dia eu voltar pro programa vou fazer questão de dizer que foi tudo combinado desde o começo.

Seja como for, uma decisão importante pra vida é não cultivar sentimentos ruins. Então, para quem quer intriga, sorry: amo tudo e todos. Pronto.

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Toda noite



Galhardo é gênio.

Tudo boa gente



Foto classe com toda a galera que participou do Tudo de Novo: Jeneci, Andreia, Gui Mendonça, Catatau, Curumin, Lenza, Régis, Rian, Gui Held, Romulo, Bruno, só gente do bom e do melhor.

Peguei no Flickr da Carol.

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Ooooooooooooo



Massa, né? D'Os Gêmeos. Tirei daqui.

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Voz amiga



Peguei na Dani.

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O que você pode fazer a partir do samba



Já estou virando gente-de-televisão: não bastasse dar as caras essa semana no programa do TramaVirtual, também vai ao ar hoje entrevista que dei outro dia para o programa Muito+, da TV Ideal (coisa do meu parceiro Róger...), em programa temático sobre samba. A Mariana e o Romulo aparecem falando da influência do samba na música deles, o Mocotó aparece mandando um som e eu apareço fuçando nuns vinis e falando da história, da importância, dos principais nomes do gênero.

Being alone, it can be quite romantic



Vídeo novo de uma música antiga do Andrew Bird. Animação bem bonita em 2D, feita em stop-motion com areia e bonecos, adaptada desse curta, sobre gravação tirada daqui.

Achei aqui.

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Daqui pro futuro

Metade do mês já se passou, reféns foram libertados, banqueiros presos, bafômetros instaurados e ninguém ficou sabendo do Cedo e Sentado por mim. É a vida moderna: corre aí pra fazer tudo que está atrasado e pelo caminho vai atrasando mais um monte de coisas. Mas o que é a vida sem tempo pra ver gente legal, bater papo, tomar uma, assistir um show massa e se divertir com as pequenas coisas? Pensa bem: estamos mais perto do fim que do começo de 2008. O que você está esperando pra se mexer, sair de casa e aproveitar as coisas que mais importam na vida - exatamente aquelas sobre as quais, na maior parte do tempo, você nem pensa, mas não consegue esquecer?

É claro que eu sou suspeito pra falar, mas se quiser uma dica eu ofereço: Cedo e Sentado. É a balada pré-balada do Studio SP, que rola quase todos os dias lá na Augusta 591, pelas 21h e DE GRAÇA. Eu, como curador, escolho os shows mais legais e quase sempre apareço lá para vê-los. Você, se animar, cola lá pra ver um show e fazer da sua noite um pouco mais especial. Se você não for muito mala, aproveita e me dá um alô.

Pode escolher sua noite favorita e aparecer. Aliás, pode aparecer em mais de uma. Em todas, se quiser. Não paga nada, lembra?

HOJE, terça, 15 de julho
Guitarrista que empresta seu talento a um monte de gente legal, do Otto ao 3 na Massa, Junior Boca tem um trabalho solo focado no jazz, mas muito além dos limites do estilo. Nesse show, Boca vai fazer um negócio especial e lindão pra gente: vai tocar o clássico dos clássicos Kind of Blue, do Miles Davis, acompanhado do Mauricio Takara. Classe, hein? O show do Boca é parte da temporada do Trio Esmeril, que está acontecendo no Cedo e Sentado nas terças de julho. Continua lendo que você descobre mais.
http://www.myspace.com/juniorboca

SEXTA, 18 de julho
Indie jazz, ela diz. Várias músicas legais, ela canta. Tom Waits, Billie Holiday, Nancy Sinatra, ela cita como influência. Monique Maion, ela chama, e a banda dela tem vários membros do Mamma Cadela. Enquanto isso, ela está terminando de gravar disco e promete participações e surtos especiais nessa sexta à noite.
http://www.myspace.com/monmaion

Terça, 22 de julho
Batera do Hurtmold (e portanto também do Camelo solo), do SP Underground e de tantos outros projetos legais, M.Takara põe mesmo as suas manguinhas criativas de fora quando pára pra respirar e fazer seus próprios discos solo. Como o EP "Ocupado Como Gado Com Nada pra Fazer", que ele lança em vinil com esse show, mais um da temporada Trio Esmeril.
http://www.myspace.com/mtakara

Quarta, 23 de julho
Pipo é o novo pop? De volta ao palco do Cedo e Sentado, Pipo Pegoraro continua espalhando sua música suave, singela e do bem. Tudo parte do disco Intro, recomendado pela equipe Evangelista. Você vê Pipo por aí também nas horas vagas tocando com o bacana Bagdá Vermouth.
http://www.myspace.com/pipopegoraro

Quinta, 24 de julho
Surrealismo, sabedoria, delicadeza, humor: está tudo nas músicas e poesias dos improváveis e geniais (opa!) Peri Pane e arrudA. O show deles no Cedo em junho foi tão legal que não teve jeito, convidei-os pro repeteco. Dessa vez, com participação do amigo que nos apresentou: Tatá Aeroplano. E novamente acompanhados dos nada-menos-que-sensacionais Isidoro Cobra no contrabaixo acústico e Beto Montag no vibrafone, percussão, samples, efeitos. (E digo mais: na seqüência rola show do Kassin+2. Imperdível é pouco.)
http://www.myspace.com/peripane
http://saudadedopapel.zip.net/

Sexta, 25 de julho
Eu gosto. Como não gostar? Além da vocalista mais bonita que uma banda pode ter, o Telepathique tem o Érico Periférico nas programações e bateria e o grande amigo Maurício Fleury na guitarra. Passeando pelas praias do eletro, mas com apuro pop, pegada rock e sofisticação invejável, eles prometem fazer algo especial para o formato mais-cedo-e-com-cadeiras. Quero só ver! E já comentei que é o show de despedida deles antes de uma turnê pelos States? Então.
http://www.myspace.com/telepathique

Terça, 29 de julho
Nas terças de julho no Cedo e Sentado já tivemos Guizado, Junior Boca e M.Takara. Agora, que tal os três juntos tocando o sensacional projeto Trio Esmeril? Jazz quebrado e orgânico, novas interpretações e possibilidades da música brasileira, influências de basicamente tudo, três grandes dando o seu melhor. Saca esse som e vê se você acha o Ary Barroso ali no meio: http://www.youtube.com/watch?v=p3XdG1I7_QA

Quarta, 30 de julho
Pra que imitar Chico Buarque? Dez anos depois dos pedais de distorção, das letras em inglês e do auge do indie-rock no Brasil, os Pullovers superam as referências e se reinventam como uma banda paulistana de pop, rock, música brasileira e - até - indie, com músicas cheias de ótimas melodias e letras falando de toda sua geração. Agora um sexteto e prestes a lançar "Tudo o que sempre sonhei", primeiro disco da nova fase, fazem pré-estréia no Cedo e Sentado.
http://www.myspace.com/pullovers

Quinta, 31 de julho
Poeta carioca e amigo dos músicos mais legais do Rio de Janeiro, Mariano Marovatto vem a São Paulo trazendo na bagagem delicadeza bossa, sensibilidade pop, um punhado de boas canções e influências com T. Seu disco, "Aquele amor nem me fale", que sai em breve, é um verdadeiro who's who da cena Pop Rio: co-produzido por Jonas Sá, tem participações de Moreno Veloso, Davi Moraes, Bruno Medina, Mauricio Pacheco, Rodrigo Bartolo, Pedro Sá, Rafael Cosme e todos os Do Amor, além de mais um monte de gente. (Na seqüência, ainda, tem o show cada-vez-melhor do grande Cérebro Eletrônico e discotecagem deste que humildemente vos escreve.)
http://www.myspace.com/marovatto

Tá bom pra você?

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"Um dos curadores..."



Eu, Peri Pane, Lulina e Karina Buhr em matéria sobre o Cedo e Sentado feita pelos bróders do TramaVirtual. Passou no Multishow esse final de semana.

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Fiz pensando em você



Mixtape nova, indie-friendly e toda cheia de assobios, banjos, pianinhos, backings, euforias, melancolias e fofices em geral. // Tem Erasmo cantando folk com nome de filme do Godard, em dueto com a Marisa Fossa. Quinteto Ternura cantando balada sacarina, meio mccartney meio Bacharach. Gal cantando versão rara de estúdio da obra-prima de Roberto. Rita Mutantes cantando sua primeira canção de fim-de-casamento, composta pelo seu então marido. Sergio Sampaio buscando amor que seja misto de samba leve com heavy metal. Chico cantando Walter Franco. Marcos Valle novinho cantando em inglês com sua então namorada Anamaria. Nara cantando Assis Valente com arranjo e acompanhamento mais-bossa-que-a-bossa do Terra Trio. Roberto fazendo jazzinho tongue-in-cheek de deixar o Squirrel Nut Zippers orgulhoso, brincando com o frenesi de novidade da juventude, ah, essa juventude. O conjunto do Sergio Carvalho cantando uma marchinha triste - tenho uma tara por marchinhas tristes. Um Paul Desmond pós-Brubeck tocando arranjo grandiosamente minimalista acompanhado da Wanda Sá sussurrando versão em inglês da música mais bonita do Edu Lobo, com letra do Torquato. E o Jards cantando rasgado que não sabe dizer mais nada além das coisas que sempre ficaram caladas.

01 erasmo carlos masculino, feminino
02 quinteto ternura eu preciso te encontrar
03 gal costa sua estupidez
04 rita lee calma
05 sergio sampaio quero encontrar um amor
06 chico buarque me deixe mudo
07 marcos valle she told me, she told me
08 nara leão fez bobagem
09 roberto carlos i love you
10 sergio carvalho e seu sexteto rola serpentina
11 paul desmond & wanda sá to say goodbye
12 jards macalé sem essa

Aqui, link pra ouvir na Muxtape.
Aqui, baixe arquivo com os mp3s.

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Mas o que eu queria mesmo era não ter mais tempo pra me comover


olha, não é nada disso
embora eu não saiba dizer mais nada
mais nada além das coisas
que sempre ficaram caladas

olha, não é nada disso
é fácil entender: ela só veio para me dizer adeus
mas o que eu queria mesmo
era não ter mais tempo pra me comover

mesmo assim, fiquei pensando que a gente podia viajar
e fazer um álbum de fotografias pra depois queimar

tudo tá indo tão depressa
e não tem mesmo outro jeito
mas quanto ao resto, não é nada disso
embora eu não saiba dizer mais nada


Aqui.

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Abre Aspas: Arnaldo Baptista, Elogio da Loucura



Antes fosse se a música popular se compusesse exclusivamente de canções e pessoas que cantam. Quase todos sabem que não é assim: como qualquer carro, cigarro, bem de consumo, música se nutre - e tanto - da carne frágil de mitos, lendas, rumores, imagens. Há quem compre um disco gosta do modo particular como as notas e as palavras estão arrumadas ali, mas a maioria o faz porque, sim, o cantor lhe evoca certo sentimento de... admiração... inveja... está ali dizendo o que eu deveria dizer... poderia ser meu filho... queria que fosse meu namorado... queria que fosse eu...

Do arsenal de fantasias contemporâneas em torno (e por causa?) da música surgiu, não faz muito tempo, um estranho mito: a loucura. Não essa ruptura dolorosa e trágica vitima personagens de peças gregas, não essa miséria ínfima e voraz que destrói rostos magros em ambulatórios, não a real lucidez absoluta e desesperada do abismo. É uma outra loucura, essa, ungida quase como uma benção, como aura, atributo derradeiro de herói. Fulano? Fulano pirou (dito com um leve sorriso de cumplicidade e/ou os olhos arregalados de admiração). Brian Jones? Pirou. Jimi Hendrix? Ah, esse nasceu pirado. Janis Joplin? Pirou total. Sem mencionar - esses sim, a nata, só para conhecedores - os totais pirados ambulantes, pequenos e básicos personagens da lenda moderna: Brian Wilson, o irmão mais velho, arranjador genial do grupo americano Beach Boys; Robert Fripp, guitarrista absurdo, fundador do grupo inglês King Crimison; Lou Reed, o cantor, parece que esse também andou pirando brabo... Pequenas histórias, pequenas glórias, pequenos segredos.

Arnaldo? Arnaldo dos Mutantes? Arnaldo pirou.

Como vivemos cotidianamente entre outros, os restos do grande sonho ocidental da eterna juventude - também conhecido como Rock’n’Roll - não nos faltam (anti) heróis. Estilhaços de espelho que já não refletem face alguma, a não ser a busca de uma imagem, uma imagem qualquer. Já temos nosso pequeno mas animado panteão de mitos, lendas, afetos, desafetos. Discos. Guitarras. Festivais ao ar livre. Uma musa - Rita Lee. Um ponto de referência mítico, no passado: os Mutantes, alegres, demolidores de caras sérias, brincando, brincado nos festivais da canção. Prisões. Queixas. Inimigos. Entrevistas. Ainda não tivemos nosso Woodstock e ninguém morreu tragicamente na estrada do rock mas, paciência, ninguém é perfeito. Temos o nosso louco também. Arnaldo Dias Baptista. Arnaldo? Pirou.

-Você pirou, Arnaldo?

-Passei quatro anos num ostracismo. Não tinha ninguém, mulher nenhuma. Ninguém me queria. Não tinha amor. Aí me internaram, porque parece que fiquei uma pessoa violenta. E eu não quero ser uma pessoa violenta. Diziam que eu era. Me internaram. Agora estou bem. Cortei as drogas. Tenho um psiquiatra. Tomo uns remédios. Estou bem. Logo que saí de ser internado eu comecei a fazer esse grupo, a Space Patrol. Ia chamar assim, mas por razões de... evolução... não... Chama Patrulha do Espaço. Estamos trabalhando há um ano. É um bom trabalho. Eu trabalho muito. Não sou violento. A bateria é. O piano não consegue, por causa da amplificação.

Arnaldo recita sua história como se estivesse contando para si próprio. Os olhos fixam o palco escuro do Teresa Raquel onde um punhado de técnicos se estafa para montar a aparelhagem do grupo. Mas os olhos não estão lá: estão além, muito além, fora do teatro, fora do Rio de Janeiro. Há um traço do garoto que era - esse querubim insolente de chapéu emplumado no palco do Maracanãzinho, há 10 anos, quem lembra? - no rosto ainda redondo, de traços delicados. Mas sua face é de devastação e dor sincera, e o olhar luta para encarar o interlocutor com um mínimo de simpatia e doçura. Um cigarro queima, solitário, na mão esquerda. Às vezes, um sorriso vago se esboça, ele murmura alguma coisa, diz “perdão... perdão”. Subitamente pede licença, vai correndo ao palco cuidar, pessoalmente, das ligações elétricas de seu teclado Hohner. Se é possível ter certeza de algo, de coisa sei: ele não está brincando de pirado. Todo seu corpo, todo seu rosto está empenhado numa batalha surda e intensa, digna, que não tem nada a ver com as possíveis fantasias de sua ex ou atual platéia. Agachado atrás dos amplificadores, metodicamente checando fios e plugs, sobrancelhas cerradas, ele não parece um herói: está lutando por sua vida. Com todas as forças.

A saga de Arnaldo Dias Baptista começa há mais de 10 anos atrás, em São Paulo, com uma aglomeração de amigos que se chamou Six Sided Rockers, depois O Grupo e, finalmente, os Mutantes. Incluía seus irmãos Sérgio e Cláudio - esse, um minigênio em eletrônica, que até hoje desenha e produz aparelhagem para Sérgio e Arnaldo, e uma boa amiga, Rita Lee. Viviam de e para o rock, esse fermento então incipiente mas com força total. Freqüentavam de juventude da TV paulista e, de lá, se viram subitamente guindados ao eixo tempestuoso da música popular brasileira por obra e graça de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Rita, Sérgio e Arnaldo. Três crianças risonhas brincando de fazer rock diante das câmaras, diante dos senhores jurados, da distinta platéia. Vestidos de marcianos, de cavaleiros andantes, de espelhos, de malucos. Sérgio era o músico. Rita era a gracinha. Arnaldo era o cérebro.

Como não esperavam - porque não pensavam no assunto -, viraram uma espécie de lenda viva, mito. Natural: para quem tinha 15, 16, 17 anos na época, era a suprema delícia e glória total ver o sonho posto em prática, a guitarra tocada de verdade, a brincadeira instaurada. No começo dos anos 70, os mitos e as brincadeiras começaram a se levar a sério. Contracultura, lembram? No seio dos Mutantes - ainda no topo do panteão particular dos mitos - Arnaldo continuava a ser o cérebro. Tropa de choque. Para-raio. Casado com Rita. Produziu para ela um disco hilariante, genial: Hoje é o primeiro dia do resto de sua vida.

Aí Rita se separou dele. Aí os Mutantes descobriram que lá fora existia rock sinfônico, espacial, tanta coisa. Aí a saga de Arnaldo começou a virar tragédia.

Difícil, hoje, apurar os dados exatos desse processo. Alguns são públicos e notórios: a separação de Rita, sua saída dos Mutantes, a saída do próprio Arnaldo. Há um longo silêncio depois interrompido apenas em 74 por um disco doloroso, estilhaçado, mas brilhante: Loki?, para a Phonogram. E, há coisa de um ano - precedido do folclore impiedoso dos boatos, histórias fantásticas e piadas - a volta aos palcos com um grupo novo, a Patrulha do Espaço. Júnior na bateria, Dudu na guitarra, Oswaldo Gennari no baixo. Todos músicos esforçados, todos músicos modestos, todos roqueiros paulistas, raça tão típica, deflagrada justamente a partir dos Mutantes. Muitos shows pequenos, periferia da cidade, uma fita gravada no estúdio de seu bom amigo Rogério Duprat, a tentativa de um disco. Agora, o Teresa Raquel, onde fica até domingo. Atrás das caixas, desenrolando fios e conectando plugs. Procurando seus pedaços, os pedaços de um sonho, sua música.

-Rock eu gosto porque é meu sangue. É minha vida, desde que nasci.

Subitamente, o olhar aceso, o rosto atento e inteiro como há anos atrás, como em... Foi-se, passou...

-É Patrulha do Espaço por causa de umas transações de disco voador. Isso eu conheço muito. Conheço profundamente.

Um olhar cúmplice. Um quase sorriso.

-Mas o som não é espacial. É terra. Por causa do equilíbrio. Tem um lado que é espírita, que é quando a gente procura negar todas as vibrações. Tem agressividade, também. A bateria é agressiva. É uma coisa muito forte. Já toquei bateria. Estudei bateria muito tempo. Mas desisti quando ouvi o Carl Palmer. Ele é um gênio, ele é dos poucos que lêem música entre os bateristas.

De novo a concentração, o fluxo interno. Um desvio.

-Estudei dança também. Só fiz uns três cursos. É muito bom. Você já fez? Minha mulher, Marta, faz dança. Eu acredito no casamento. Com Marta quero ficar até morrer. Até morrer. Tenho um filho, o Daniel. Tem um ano e meio. É uma pessoa incrível. Tem tendências para as ciências biológicas, creio. Tenho também um cachorro, e uma gatinha que toma conta do cachorro e um peixe. Minha ecologia é assim.

O cigarro na mão esquerda, queimando até o filtro.

-Quando eu ouvia a Rita, gostava. Não ouço nem vejo a Rita há muito tempo. Me faz muito mal. Más vibrações. Para baixo. Marta não deixa porque me faz mal. Os Mutantes do Sérgio eu operei som para eles, uma vez. O Sérgio vem tocar aqui com a gente no domingo, dar uma força.

Tem saudades dos Mutantes, Arnaldo?

-Era bom. Não, não tenho saudades. A agressividade, naquele tempo, era quase nula.

E esse grupo novo?

-É minha vida. É uma batalha dura. É tudo o que eu faço.

Se ao menos a banda calasse por um minuto, um instante que fosse, se a bateria não rolasse, se a zoadeira de baixo e guitarra parassem, se acontecesse o milagre e por um breve momento, debaixo da luz cor-de-rosa, Arnaldo se erguesse, ou sua voz subisse, mesmo assim, soluçando e contida, mesmo como está agora, aos pedaços, mas se a mágica, qualquer mágica, explodisse agora nesse palco escuro, estaríamos todos salvos de nossas trevas de voyers, de abutre. Quem veio ver Arnaldo? Garotos, adolescentes, os novíssimos roqueiros atraídos por um detalhe qualquer do cartaz, pelo cabelo desgrenhado nas fotografias dos jornais? Antigos fãs dos Mutantes prestando mais uma tardia homenagem à inocência perdida, checando seus próprios ponteiros? Curiosos, mitômanos, vorazes criaturas à procura de libertação? Ele é muito louco. Piradão, rapaz. Ouvi dizer... É um gênio, mas loucaço. Muito louco. (Antes ele do que eu.)

Arnaldo não quer saber. Dudu, Oswaldo e Júnior não querem saber. A Patrulha do Espaço não que saber. Se fossem mais jovens, diria eu que seu som é punk, mas punk, com eles, é impossível. Digamos que se esforçam, e que acreditam desesperadamente no que fazem.

Arnaldo solitário atrás do Hohner. De vez em quando se escuta a sua voz, dessa beleza patética, que incomoda. “Estão todos pastando/estão todos passando/pela vida.” Uma golfada de ruído. Rock’n’Roll. Se ao menos houvesse um milagre. Estamos todos aqui. Arnaldo, no escuro, coração batendo, não ligue para os assobios debochados e as palmas poucas e os uivos e gargalhadas após cada número. Não ligue, Arnaldo. Estamos aqui, suando com você, esperando essa fagulha, esse pequeno instante, essa graça. Se não veio essa noite, paciência. Virá. Atrás do Hohner, Arnaldo, batendo nessas teclas como se fossem pedras ou pães, laboriosamente, você sabe que virá.


*

Ana Maria Bahiana, entrevista publicada n'O Globo, em 28 de abril de 1978 e aqui.

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Abre Aspas: Caetano dá o toque: Chega de Humildade e Modéstia



Muita gente ainda se escandaliza quando Caetano Veloso diz: "acho lindo tudo que faço".

Ainda é considerado de muito bom tom cultivar a "modéstia" e a "humildade". Ou seja: achar medíocre tudo o que faz e esperar ansiosamente - com aquele biquinho de passarinho pedindo água - que alguma alma caridosa encontre méritos em seu trabalho...

Ora, ora, Dona Aurora: se nem você acha lindo o que faz quem vai achar?

E que "humildade" é essa, de se manter sempre numa posição de cômoda e covarde inferioridade diante da opinião alheia?

"Humildade" é um estado de espírito deturpado que o coloca à total disposição dos outros, sempre disposto a sacrificar suas maiores ou menores liberdades individuais em favor das mais tolas e medíocres expectativas e vontades alheias.

Estou falando dessa tristemente ridícula "humildade" que é cotidianamente cobrada de todos entre o medo e a subserviência. É claro que não falo do grandioso sentido de uma verdadeira humanidade que nasce do sentimento d pequenez e fugacidade do humano diante do Tempo e do Universo, diante da Vida e da Natureza.

Quase sempre falam em relação a artistas de sucesso, como se fosse uma grande virtude. "Fulano fez uma carreira brilhante mas continua o mesmo, o mesmo rapaz humilde de sempre..."

Ora, só um perfeito idiota pode se manter o mesmo ao longo de muitos anos de luta, eventuais vitórias, desapontamentos, amarguras, sonhos furados etc etc etc. Nunca um artista.

Pode parecer esperteza, mas as cabeças mais espertinhas sacarão que realmente se trata de sólida otarice fingir que considera uma bobagem tudo o que faz. No mínimo, corre o risco de algum "julgador" concordar instantaneamente... e ser odiado no ato.

Todos esses equívocos sobre "modéstia" e "humildade" estão muito ligados a um sentido permanente de estar em julgamento - que por sua vez deriva da compulsão de julgar permanentemente as ações, intenções (in-tensões) e omissões de todos. Para esquecer suas próprias...

É ou não é triste ter que fingir para os outros que se acha pequeno e desimportante quando o coração está aos pulos ansiando para que alguém confirme o que não se tem coragem de sentir?

Sugiro a todos e a mim mesmo uma reflexão mais profunda sobre esses palpitantes temas, esperando que o pensamento deságüe nos - esses sim - grandiosos sentidos da fugacidade humana diante das forças da Natureza e do Espírito, talvez uma das raras vias de se chegar a alguma coisa próxima da compreensão e da integração do Todo.

Isso não tem nada a ver com essas melancólicas e falsas "modésitas" e "humildades" para uso externo - revela a sabedoria de encarar de frente e para o fundo a fragilidade e curteza da vida humana e, de forma ampla e generosa, as grandezas do Espírito Humano, ao buscar a consciência do amor, do amor próprio profundo e vivificante - que não tem qualquer parentesco com o se sentir no centro do universo; e mesmo assim precisar que alguém lhe diga que está vivo e que merece estar.

É hora também de pensar com mais profundidade sobre esses significados que estão envolvendo as atitudes de "modésita".

Basicamente significa não se elogiar antes que os outros elogiem... Coisa triste, pequena e medrosa.

E quando o esperado, esperadíssimo, ansiado elogio e confirmação de méritos vem, baixar candidamente os olhinhos e murmurar um
Se você acha que não é ninguém, então é porque não deve ser ninguém mesmo... merece ser ninguém! Se você não se gosta, como esperar que algum desavisado ou ensandecido goste?

"Modéstia" ultimamente anda sendo muito associada a uma negativa dos próprios méritos e esforços; nunca em seus sentidos mais amplos e duradouros, ligados ao ascetismo, à alma imortal, à dispensa de luxos materiais e espirituais, em favor de valores mais profundos e essenciais.

Quem tem, com sua arte e seu trabalho, objetivos modestos, quer dizer tímidos, quase sempre só pode mesmo alcançar resultados modestos. E aí o malandro fica insatisfeito, reclamando da vida e do destino, ressentido, amargurado - mas sempre com aquela cabecinha discretamente baixa, querendo fazer crer a todos que já recebeu da vida muito mais que merecia...

Bem faz Caetano que tem coragem suficiente e intuição luminosa da luta feroz que representa um trabalho criativo; para ousar dizer que acha lindo tudo o que cria. Pode ser até que para ele mesmo, dentro de algum tempo, não seja mais tão lindo assim. Mas será vivido profundamente; tanto o feito como o conceito.

Só quem tem consciência de sua própria verdade e honestidade na busca e na luta pelos seus sonhos pode dizer sem medo que acha lindo tudo que faz. Honestidade bastante para saber que, se não achasse lindo, simplesmente não faria...

Que me perdoem a falta de modéstia e a ausência de humildade, mas acredito firmemente que tudo isso que foi escrito é bom e útil. Pode ser até que não seja, e é perfeitamente justo - nem vou me ofender por isso - que muitos não achem assim. Afinal, só os que se julgam perfeitos não podem admitir que discordem de seus pontos de vista; ódio eterno aos discordantes. Isso sim, é estúpida falta de humildade, modéstia e generosidade diante da vida, das pessoas, das artes e de si mesmo.


*

Nelson Motta, em crônica publicada, provavelmente, n'O Globo, provavelmente no fim dos anos 70, e aqui.

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Abre Aspas: Do que morrem os outros

Desde menino, todo mundo diz que a voz de João é bonita. Ele canta em aniversários, nas reuniões do clube e da escola. Os parentes, amigos e conhecidos falam sempre que João tem muito jeito, é melhor do que muito artista da televisão. Um dia, João acredita e vai ser cantor. Não há muitos caminhos a escolher. Os programas de calouros pouco podem oferecer, mas é geralmente o primeiro passo. Cedo João percebe que o mundo artístico é bem mais complicado do que imaginava. Os responsáveis pelos programas de calouros estão mais empenhados em se autopromover do que em arranjar-lhe uma oportunidade. Então ele tenta lançar um disco. Vai de gravadora em gravadora, as respostas são parecidas: "Volte na semana que vem." "Infelizmente, nosso elenco está completo." "O encarregado não está."

Alguém aconselha João a arranjar um empresário, uma espécie de quebra-galhos profissional. Pela mão do empresário, João entra numa gravadora. Faz seu primeiro compacto. Começa então a caitituar, a divulgar seu disco. Levanta de madrugada para correr as emissoras de rádio. Os disk jockeys precisam ser visitados, adulados, comprados. Muitas vezes a carreira de João fica por aí mesmo. O disco não pega, a gravadora não lhe dá mais oportunidades. João vira porteiro de boate, divulgador de emissora, faz-tudo da televisão.

Pode acontecer, porém, que o disco estoure nas paradas de sucesso. O empresário conhece muita gente, consegue notícias no jornal, fala com os produtores de tevê e João é escalado para um programa. Nessa época, acontece talvez a coisa mais importante de sua carreira. Ele passa a ser considerado como um provável futuro ídolo. João agora precisa de uma imagem e um nome. Os Beatles não eram os Beatles antes que o empresário Brian Epstein criasse sua imagem cabeluda e inconformista. Nem Roberto Carlos, nem Wanderléa, nem Elis Regina alcançaram o estrelato sem antes serem estudados, catalogados e encaixados numa figura que nem sempre corresponde à realidade. A imagem é escolhida pelo empresário. O nome também: que tal Rob Lee, ou Carlos Augusto?

Praticamente todo o futuro de João está em jogo, mas ele não decide, nem ao menos influencia nestas escolhas. O empresário segue a moda do momento. O público quer um rapaz de olhar triste, jeito tímido, que veio da pobreza: um novo Roberto Carlos, com quem os garotos se identifiquem e por quem as meninas de apaixonem. João se transformará neste personagem. Ele pode ser alegre e extrovertido, mas terá que fingir que é triste e tímido. Pode ser da classe média, inventarão que passou miséria. Se o público recusar esta imagem, haverá mais um fracassado pelas redações de jornais e revistas, pedindo uma notícia, uma reportagem. Será o eterno freqüentador dos corredores de tevê, adulando produtores e diretores, gravitando em torno de um ídolo. João não ficará sozinho. Há muita gente na mesma situação dele.

Se a imagem for aceita, João se transformou em ídolo. Sua batalha agora é manter a posição. Os astros têm saúde delicada, morrem de diversas doenças: má orientação na carreira, escolha errada da imagem, tudo isso mata lentamente, numa agonia dolorosa e prolongada. João pode ser atacado deste mal. Se não vier um segundo sucesso, a moléstia é fulminante. João teve uma música nas paradas de sucesso. O público gostou, mas ficou esperando mais. Mas João não tinha mais o que mostrar.

Falta de amadurecimento artístico, lançamento prematuro, apoiado apenas num pistolão, mata ainda mais rapidamente. João cometeu o mesmo erro de tantos outros. Não tinha música nas paradas, nem era conhecido, mas conseguiu a proteção de um sujeito importante na tevê. Foi lançado como astro nos principais programas de uma emissora. O público não se deixou enganar. João não tinha o que mostrar. O público não teve pena de crucificá-lo.


*

Daquela seção de editoriais não-assinados nas primeiras páginas da revista Realidade, década de 60.

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Copy/paste

Assumindo de vez a tendência copy/paste inerente a todo blog, resolvi pelo menos fazer direito: estou listando e disponibilizando aqui uma pequena série de textos brasileiros favoritos sobre música brasileira, misturando crítica e crônica, música e comportamento, parcialidade e imparcialidade, jornalismo e ficção livre - muito além do pueril jornalismo gonzo.

São visões, observações, comentários, pensamentos, alertas, dicas e mais uma ou duas ou três carapuças para compositores, cantoras, roqueiros indie, jornalistas iconoclastas, blogueiros gonzo, produtores da noite, dirigentes de gravadoras e wannabes de tudo isso.

Todos levemente editados para essa republicação pós-gutenberguiana.

Aqui, texto anônimo, tirado de uma edição dos anos 60 da Realidade, análise certeira de ícones vazios e artistas sem nada a dizer.

Aqui, Nelson Motta fala sobre Caetano Veloso e a falsa modéstia de tantos artistas, fim dos anos 70.

Aqui, Ana Maria Bahiana escreve melancólica e poeticamente sobre Arnaldo Baptista, como se 1978 fosse 2008.

Depois solto mais.

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