RONALDOEVANGELISTA


Ensaio Aberto versão Caetano

O novo show de Caetano Veloso e a Banda Cê estréia no dia 7 de maio, no Vivo Rio. Lançado no fim de 2006, o CD Cê marcou a reunião de Caetano Veloso com três jovens músicos: Ricardo Gomes (baixo e teclado), Marcelo Callado (bateria) e Pedro Sá (guitarra). O encontro foi sucesso de crítica e público, que aceitou a 'pegada' roqueira do compositor.

A volta que agora se anuncia, porém, pouco têm de previsível. Em seu novo show, Obra em progresso, Caetano se propõe a revelar para o público o processo que resulta em um novo CD. É como uma inversão do caminho usual de um lançamento, quando o artista grava um CD e depois apresenta o show para o público.

Ao lado da mesma banda que o acompanhou no último trabalho, Caetano volta aos palcos para cantar sucessos de sua carreira e também canções inéditas, fresquinhas, que acaba de compor. O cantor garante que não há um roteiro fechado para cada apresentação. O repertório será variável, renovando-se a cada semana. A idéia é ver o show amadurecer de modo que, no fim da temporada, se chegue a uma seleção das músicas para o novo CD.

Obra em progresso estréia no dia 7 de maio e acontece no Vivo Rio todas as quartas-feiras de maio e junho, sempre às 21h. O Vivo Rio fica na Avenida Infante Dom Henrique, 85, no Aterro do Flamengo.

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A nova dimensão


No sábado eu abri a minha Virada Cultural indo na cinemateca assistir É Simonal, sensacional filme de 1970 do Domingos de Oliveira, espécie de A Hard Day's Night da Pilantragem.

Demorou pra isso sair em DVD com toda a pompa, imagem restaurada, comentário do diretor, extras, trilha sonora e o pacote completo. Não só porque o Simonal é incrível e o senso de humor dele (pela visão do Domingos, naturalmente) carrega o filme, mas também porque é um documento histórico genial da cultura pop brasileira. Tem uma inacreditável coletiva de imprensa fake, a Marília Pêra pagando de louca na balada, o Simonal regendo o Maracanãzinho, uma roda de samba com Jair do Cavaquinho, Elton Medeiros e Nelson Sargento na Boate Sucata e mais vários momentos deliciosos.

Legal que logo mais entra nos cinemas oficialmente o filme do Claudio Manoel e damos mais um passo em direção a ouvir mais o Simonal pelo enorme valor musical dele e por sua divertida persona artística e deixamos um pouco de lado o chato papo de perseguição política que domina qualquer conversa sobre ele há 35 anos.

Aproveitando o assunto todo, trecho de email do Max, comentando o Qualquer Coisa #7, especial Simonal:

A maneira que voces analisaram a história do Simonal me deixou, além de feliz, um pouco aliviado. É incrivel como o ranço pseudo-ideológico vem na frente da inteligência e bom senso nas pessoas com mais de 40 anos. É um mito, um tabu da ditadura também, essa coisa dessas pessoas acharem que, pelo fato da ditadura ter sido escrota, a esquerda jamais poderia errar e que todos que lutaram contra são heróis. Há um fetiche "de esquerda", como se fosse bom ser de esquerda porque é cool. É uma coisa muito superficial. Parece que as pessoas não têm capacidade de elaborar um próprio pensamento então, como papagaio, repetem algo que lhes foi contado.

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Madrugada de inverno

Se uma mulher por quem eu tenho um certo tesão me interrompesse o sono numa madrugada de inverno me pedindo colo, eu não hesitava: ora, vem correndo, minha flor, eu diria. Braços abertos pra ti. Que é como Flora me recebia sempre que eu dava as três buzinadinhas convencionais na frente do seu prédio, na rua Morato Coelho. Luz na janela, sua silhueta de camisola me acenando, o molho de chaves que estalava metálico na calçada. Quase nunca falhava. Acho que Flora foi a mulher que mais gostou de trepar comigo; talvez mais ainda depois que nos separamos. As feministas que me desculpem, mas é do caralho saber que há na cidade pelo menos uma mulher disposta a te amar a qualquer hora do dia ou da noite. Servilismo sexual? Nada disso. É ligação, transa, curtição. Flora até reclamava quando eu ficava muito tempo sem aparecer. O que acontecia nas nossas respectivas fases de vacas gordas afetivas. Ou quando pifou a buzina do meu carro. Por preguiça, adiava sempre o auto-elétrico. Saía dos bares de porre e baixava na Morato Coelho com o passarinho literalmente na mão. Só então me dava conta de que estava sem buzina. Da primeira vez, resolvi gritar. A velha do terceiro acordou com os meus pungentes apelos - Flora! Flora! - ecoando na rua deserta e me despejou lá de cima um pinico de ameaças terríveis - síndico, revólver, polícia, o scambau. Só Flora não ouviu. Flora só ouvia buzina, nosso código: um toque, dois toques, três toques. De leve.

Mais uma do Tanto Faz.

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Words on the fringe of meaning can spark the imagination

O Andrew Bird colocou mais um post sobre o processo de composição e gravação do seu disco novo no blog Measure for Measure, do New York Times.

A julgar pela descrição que ele dá de como quer que o disco soe e pela perfeição das referências, vai ser tão clássico quanto o clássico "Mysterious Production of Eggs": "A little Steve Reich, but groovier. Thick and creamy vocals like the Zombies’s Colin Blunstone. The bass warm and tubby like Studio One dub. A little Ghanaian street music, but more arranged. No solos, just interlocking parts. Gentle, lulling, polyrhythmic, minimalist yet warm tapestry of acoustic instruments."

Entre outras coisas, ele comenta também sobre a produção do Mark Nevers, sobre como está gravando em um tempo/espaço diferente do baterista Martin Dosh, sobre como adora entender e que entendam errado letras de músicas, sobre a importância da improvisação e sobre como prefere sua voz às manhãs, quando ele ainda não se lembra como ser neurótico.

E ainda escreve: "There’s this tension between the restless, early-jazz-obsessed 22-year-old I once was and my present self, who finds writing a simple and direct song infinitely challenging. I think that’s why I respond to Louis Armstrong, Coleman Hawkins and Lester Young. They were improvising not in a linear, searching way but with the goal of finding a new melody and then, god forbid, repeating themselves."

Vai que dá até pra ouvir um trecho da primeira gravação do disco novo, da música "Oh No".

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Cada vez melhor






Hoje tem mais uma noite especial no palco do Cedo e Sentado, no Studio SP. É o projeto Ensaio Aberto, cada vez melhor.

A idéia é aquela: juntar alguns dos músicos mais talentosos de São Paulo pra trabalhar juntos bem livremente, entre si e com convidados. Então, temos a beleza da voz de Leo Cavalcanti, a doçura robertiana e caetânica de Tatá Aeroplano, o bom gosto absoluto de Mauricio Fleury e o talento inquestionável de Isidoro Cobra somados e multiplicados pelo brilhantismo de cada um. Sempre apresentando canções novas, testando idéias, descobrindo novos parceiros, criando aquele clima de criatividade extrema.

Convidados esta noite, subindo ainda mais o nível da noite, temos o Bruno Morais com suas canções e sua voz-de-madrugada, o Guizado com seus trompetes, beats e grande presença e o Gui Held com sua genial guitarra hipertropicalista. Os ensaios com essa trupe, com todo mundo criando junto, já foram compostos de momentos altamente históricos. A noite de hoje promete muito.

Espalhados pelo palco, variando nas mãos de cada um: violão, baixo, órgão, pandeiro, cajón, glockenspiel, guitarra, sampler, escaleta, delays e brinquedos.

E, se você já viu os primeiros shows, pode vir que vai valer a pena de novo. Além de novos arranjos praquelas músicas que já estão virando hit, teremos músicas novas, pela primeira vez apresentadas em público. Tatá traz uma canção à Gal 69, Leo vem uma balada linda de partir o coração, Mauricio chega com o clima bailinho 60s.

Vai lá que eu garanto, vai ser muito massa.

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Se você tiver um tempo livre...

Domingo teve a tarde de workshops da Red Bull, lá no Kalil e no Lamparina. Eu apareci só pra dar uma de olheiro, ver os amigos criando e passar um dia de domingo agradável.

Foi assim:


Max e Curumin conversam sobre a música que a turma do Curumin escreveu e a turma do Max se preparava para arranjar


Tatá fala sobre a música que escreveu com sua turma (à esquerda, Fábio Trummer; à direita, Carol e Kalil)


Curumin mostra sua música e troca idéia com o povo


Max cria o arranjo da música do Curumin com sua turma


Catatau cria o arranjo da música do Tatá com sua turma


Mauricio fala da experiência de ter ido pra Red Bull Music Academy em 2007...


...enquanto Apollo, Matias e Debora ouvem


Beto coordena a gravação e mixagem da música do Curumin arranjada pelo Max (no cantinho à direita, Bel)


Bruno observa o que acontece por ali, Catatau circula


Catatau, Mauricio e Douglas aproveitam um momento sofá, já com o dia acabando


Tatá puxa o coro da sua turma na última gravação do dia...


...e Apollo coordena a gravação do coro do Tatá


Findo o dia de trabalho, Apollo veste o chapéu de palha da celebração e todo mundo corre pro abraço

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Para as meninas

Grã-Ordem de Qualquer Coisa



Pobre Tatá. Na oitava edição do podcast Qualquer Coisa (de Paulo Terron, José Flávio Jr e Ronaldo Evangelista, eu mesmo) convidamos o compositor e vocalista das bandas Cérebro Eletrônico e Jumbo Elektro pra conversar com a gente, contar seus projetos e comentar a programação da Virada Cultural desse ano. Tatá vai estar na Virada com o projeto Sociedade da Grã-Ordem Mojiquista à Meia Noite Levará Sua Alma (com os brothers Isiman, Peri e Mauricio) e aproveitamos pra falar do novo programa de entrevistas do Zé do Caixão (aqui e aqui), entre outras coisas improváveis. Entre um papo-furado e outro, o Terron toca Bonaparte e um ensaio do T.Rex, o Zé toca Phantom Planet, eu toco uma do Tatá homenageando o Sérgio Sampaio e o Tatá toca uma do Sérgio Sampaio, o próprio.

Ouça aqui e/ou baixe aqui.

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Academia de Música

Tatá e Curumin falando sobre compor. Catatau e Max dando toques de arranjo. Apollo e Beto Villares cortando o caminho das pedras de produção e mixagem. Os amigos Mauricio e Bruno (e Matias e Debora) correndo por fora e fazendo tudo acontecer. Time dos sonhos do que de mais legal rola em São Paulo hoje - no workshop da Red Bull que rola domingo agora.

Faz um som legal, quer trocar idéia com gente do bem que sabe das coisas, passar uma tarde fazendo coisas legais? Corre que ainda dá tempo: hoje é o último dia pra se inscrever, aqui.

Mais recomendado, impossível.

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Retorno de Saturno


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Desapego



i'm trav'lin' light
because my man has gone
so from now on
i'm trav'lin' light

he said goodbye
and took my heart away
so from today
i'm trav'lin' light

no one to see
i'm free as the breeze
no one but me
and my memories

some lucky night
he may come back again
so until then
i'm trav'lin' light

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Não bebo nunca mais. Pelo menos até à noite.

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Tulipa no Tatá com Leo pela Nina

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Ninguém sabe o duro que eu dou nesse podcast


E essa semana, pouco mais de um mês depois da estréia, a crise já chegou no Qualquer Coisa. Na edição 7 do nosso podcast, eu, Terron e Zeflas mergulhamos na DR e passamos o primeiro bloco inteiro lavando nossa roupa suja em público. Eles tão falando que o negócio é inspirado no Some Kind of Monster, do Metallica, mas como eu sou muito mais sofisticado prefiro dizer que é o nosso Let It Be. Passado o momento intimidade-com-o-gravador-ligado, entramos num assunto sério: Wilson Simonal. Semana passada foi exibido o documentário Ninguém Sabe o Duro Que Eu Dei, dedicado a ele, dentro do festival É Tudo Verdade. Aproveitamos o gancho e discutimos sobre um dos nossos artistas favoritos - e dos maiores da música brasileira. Tocamos ainda várias deles e nos entremeios o Zé toca uma música sensacional do Robin Thicke e eu toco outra não menos ótima do Antonio Carlos & Jocafi. Pode baixar tudo aqui e/ou ouvir aqui.

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But it's the storm that I believe in


Semana passada eu esqueci completamente, então falo agora: Qualquer Coisa #6 no ar, com ninguém menos que Pacolli como convidada, contando os muitos inacreditáveis causos de suas passagens por MTV, Ellus, Show do Milhão e vários etc. A celebridade paulista fala ainda de seu incrível trabalho como artista, de sua agorafobia aguda e de sua recente viagem aos States, onde viu shows do Magnetic Fields, George Clinton, Jonathan Richman e várias gentes legais. Eu e meus colegas co-apresentadores Paulo Terron e José Flávio Junior ainda discutimos sem parar enquanto falamos de Cardigans e assuntos afins. Eu toco uma música do Curtis Mayfield, o Zé Flávio toca Jonas Sá, o Terron toca Claudine Longet (de quem ele recentemnete conseguiu um autógrafo) e daí por diante. Baixe aqui ou ouça aqui.

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Open Season



Hoje à noite é uma noite especial. Lá no Cedo e Sentado, do Studio SP, vai ter mais um show do projeto Ensaio Aberto. Mas não vai ser um show qualquer: temos músicas novas, convidados especiais, um novo integrante e toda a alegria do mundo do nosso lado.

Tudo começou quando eu tive essa idéia de convidar três dos mais talentosos músicos que conheço e juntá-los em uma espécie de núcleo de produção infinito. Juntos eles podem criar entre si, convidar outros músicos com quem têm vontade de tocar, mostrar composições novas enquanto ainda estão fresquinhas, cantar músicas uns dos outros e derrubar preconceitos e panelas: todo mundo que é legal e criativo já está potencialmente convidado para fazer parte da festa.

Os três músicos, é claro, são Leo Cavalcanti, Mauricio Fleury e Tatá Aeroplano. Juntos, representam música brasileira, rock, soul, bossa, samba, eletrônico e tudo mais que surge naturalmente em bandas e projetos como Frame Circus, Cérebro Eletrônico, Le Rock Démodé, Jumbo Elektro, Multiplex e tantas outras, além dos trabalhos realmente individuais de cada um. Agora, no Ensaio Aberto de hoje à noite, já efetivado na banda, temos também o multi-homem Isidoro Cobra - que, além de tocar muito bem, ainda tem esse nome sensacional.

Pra vocês acreditarem que não vai ser uma noite qualquer, eu conto que nos últimos ensaios para o Ensaio me emocionei em todos. Não só pela beleza das composições e pela good vibe generalizada da parada, mas também porque vi que o negócio que estava acontecendo ali era realmente muito legal: um monte de gente talentosa fazendo música junto e se divertindo de monte.

Na quinta-feira passada, por exemplo, o Tatá me contou que tinha tido idéia para uma música nova e contou o começo da letra. Era tão bom que no ensaio seguinte aquilo já virou uma música completa - que quem for hoje à noite vai poder ouvir pela primeira vez em um palco. Além disso, um dos nossos convidados, o Duani, apareceu como um furacão do bem, trouxe composições fantásticas, abrilhantou todas as músicas em que tocou e deixou o pique de todo mundo lá em cima. Outro convidado, o genial Peri Pane (junto com o poeta Arruda), apareceu no ensaio como quem não quer nada e deixou todo mundo de queixo caído com suas canções sensacionais, com gosto de jovem guarda, velha guarda e tudo que existe entre as duas coisas

Enfim, vai ser uma noite mágica.

(E isso porque eu ainda nem comentei que depois do Ensaio Aberto tem show da Mariana Aydar e nem que um certo jornalista bonitão está cotado para subir ao palco para tocar - mas aí já não garanto nada.)

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